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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs

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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs - Página 4 Empty “Into the heart” – The stories behind every U2 songs

Mensagem por Achtungzoo Sex 04 Fev 2011, 12:25 pm

Relembrando a primeira mensagem :

Mais um excelente projeto de tradução de uma das obras mais interessantes sobre as músicas do U2, seu significado e as histórias por trás das canções. “Into the heart” – The stories behind every U2 songs, de Niall Stokes, desta vez traduzido por Rosa, da comunidade U2 do orkut, deu a permissão para eu postar aqui no MOFO o resultado deste magnífico trabalho que ainda está em andamento. Como estou copiando direto do orkut, estou fazendo umas correções principalmente de layout e algumas ortográficas. Então abaixo está a tradução da primeira parte do livro, sobre o álbum Boy. Confesso que minha visão sobre o álbum mudou depois que li sobre cada música. Foi muito mais interessante e prazeroso ouvir o álbum com essa exposição do livro na mente. Todos os créditos vão prá Rosa. aee U2

“Into the heart” – The stories behind every U2 songs
- by Niall Stokes

“Um livro é um objeto misterioso, eu digo, e uma vez que flutua ao redor do mundo, tudo pode acontecer. Todo tipo de dano pode ser causado, e não há uma maldita coisa que você possa fazer sobre isso. Para o melhor ou pior, isso está completamente fora de seu controle”.
- Paul Auster, Leviathan, 1992

Introdução

Com os livros, assim como com as canções...

Para escrever um livro sobre as histórias por trás das canções do U2 é necessário viver, dormir e comer música. Passa a ser um tipo de obsessão. Você fica procurando pistas extras, algo que você tenha deixado passar. Algumas canções crescem, quanto mais você ouve. Outras desaparecem. Você passa por fases. Mas algumas não param de crescer, até você descobrir que nunca vai tirá-las da cabeça. Sempre. “Take my hand”, você canta, “you know i’ll be there if you can, I’ll cross the sky for your love”. E as pessoas ficam te olhando. Você nem sequer tinha percebido que estava cantando.

Uma das questões que quase todo repórter de rock pergunta: como vocês escrevem suas canções? É uma pergunta sempre interessante, mesmo os compositores mais experientes gostam de ouvi-la sendo respondida. Porque cada escritor experimenta insegurança, alguma paranóia, algum sentido de que há um truque que ele pode estar perdendo. E geralmente eles estão certos. O U2 tem diversos truques, mas mesmo eles não pretendem conhecê-los.
Bono se tornou compositor por acidente e descreve o processo muito bem. Mas conforme as canções são escritas, ao longo de 25 anos ou mais, o resultado final tem sido glorioso.

O U2 tem se desenvolvido de todas as formas imagináveis, mas especialmente em suas composições. Boy foi um brilhante, original, energético e ambicioso álbum de estréia, que teve a sua quota de insights, mas ninguém poderia alegar que as letras eram seu forte mesmo. Viajando seis anos, de lá para a maturidade de The Joshua Tree, um álbum no qual Bono firmemente tem estabelecido sua credencial como um dos melhores letristas de rock foi muito claramente uma realização extraordinária.

Mas mesmo assim, em uma indústria onde muitos dos artistas que consideram ter chegado no topo e se contentam em descansar sobre os louros, o U2 se recusou a permitir-se estagnar. Com cada álbum subseqüente, têm consistentemente conquistado novo terreno.
Achtung Baby, segunda obra em reconhecimento, ganhou um público totalmente novo para eles; visivelmente, muitas dessas pessoas anteriormente não gostavam da banda. Sem diminuir a espiritualidade ou o desejo de transcendência no coração, fora o impulso criativo da banda, que também introduziu uma nova fase para eles esteticamente e intelectualmente.
Amplamente falando, The Joshua Tree e Rattle and Hum tem sido diretos, emocionais e sinceros. Em contraste, Achtung Baby foi oblíquo, codificado e indescritível, e Zooropa seguiu na mesma veia. Ambos foram mais conscientes do limite em seus ambientes musicais, e sem vergonha da direção tecnológica.

Havia razões para essa mudança, se não fosse pelo desejo sempre presente de fazer grandes discos, tinha a ver com o fato de que, com The Joshua Tree o U2 tinha se tornado a banda de rock de maior sucesso de todos os tempos. E com o sucesso vem a bagagem completa, em termos de atitude de ambos, fãs e mídia para com o grupo. De repente o U2 descobriu que eles eram alvos para os tablóides. Rattle and Hum foi duramente criticado. E, em alguns lugares, o seu compromisso, em si mesmo tornou-se motivo de zombaria. Contra esse pano de fundo, sobre a superfície, pelo menos Achtung Baby reflete uma estratégia para esconder mais do que revelar. Isso foi uma tentativa deliberada de sair do mainstream, para desafiar o público e confundir a crítica.

Com Achtung Baby, com a Zoo Tv , com a turnê que se seguiu, e com o próprio Zooropa, oU2 se tornou mais brincalhão e experimental. O senso de humor do grupo foi perceptível em sua música pela primeira vez. E o princípio do prazer ficou também em evidência, na crescente ênfase em ritmos de dança, na cultura da noite, um tom erótico.

Algumas vezes incompreendido, Pop continuou na mesma veia. Mas para “All that you can’t leave behind” e “How to dismantle an atomic bomb”, a banda se libertou da necessidade de correr atrás do “hip-ometer” e fez música, que fez nada menos do que “de quebrar os quadris”. Na verdade, com o impressionante How to dismantle an atomic bomb, eles brilhantemente voltaram às suas raízes, renovando-se magnificamente - e com enorme sucesso comercial - como resultado.

Dizem que no amor não há regras. Nem deveria haver no rock and roll. Uma das grandes coisas sobre o U2 e sua atitude é de que nada é sagrado na busca da excelência.
É uma boa teoria até você tenta colocar em prática, é aí que entra a mera retificação do trabalho . Mas desde que eles abriram uma trilha em nossos corações, no final dos anos 70, o U2 criou mais do que quase qualquer outra banda no planeta Terra, e eles têm as músicas para provar.
E as cicatrizes.

- Niall Stokes





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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs - Página 4 Empty Re: “Into the heart” – The stories behind every U2 songs

Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:09 am

Love Rescue Me

A tour The Joshua Tree estava quase no final. As idéias para Rattle and Hum tinham sido trabalhadas, e estava claro que a banda estava indo gravar seriamente. Antes de mais um camping, retornando para Dublin – onde era inverno - e tentando voltar a concentrar-se lá, alguém sugeriu a Costa Oeste e trabalhar em L.A. Se o álbum estava sendo sobre a América, então fazia sentido passar o tempo lá, no lugar onde os múltiplos subprodutos do sonho americano podem ser vistos no seu lado mais extremo.

The Edge ocupou uma casa em Beverly Hills com sua esposa Aislinn e suas filhas. Era a casa onde os irmãos Menendez depois mataram seus pais. “Nós fomos os últimos caras lá antes deles”, Bono ri. “Eu ficava nas estrebarias e foi lá que eu escrevi ‘Love Rescue me’.
Se “escrevi” for a palavra certa. Depois de uma noite de devassidão, Bono estava dormindo irregularmente e teve um sonho bizarro com Bob Dylan. Ele acordou e sob a nuvem de uma ressaca enorme, começou a escrever a letra da canção que ele achava que lembrava Dylan cantando no seu sonho. Sobre um homem que as pessoas continuam tratando como um salvador, mas cuja a vida é cada vez mais abalada, e que poderia com um tiro fazer a salvação de si mesmo.

Pouco tempo depois, Bono recebeu uma ligação, perguntando se ele queria fazer uma visita para Dylan e assim, com uma estranha sincronia, ele terminou encerrando a música mais tarde naquele dia com o homem do seu sonho...“Eu achava que era uma canção de Dylan”, Bono relembra. “Então quando eu me encontrei com ele eu disse, ‘Essa é uma das suas?’ e ele disse, ‘Não, mas talvez pudesse ser’. Então nós trabalhamos nela juntos, o que foi o máximo”.

Quanto do produto final é de Bono e quanto é de Dylan permanece obscuro. “Ouça, eu lustraria os seus sapatos, eu realmente poliria”, Bono diz. “Um monte de gente quer que seus heróis não os decepcione. Eu acho que é um hábito de heróis deixá-lo para baixo algumas vezes”. Bono disse a Neil McCormick da Hot Press que Dylan tinha gravado um vocal para a faixa que foi surpreendente, e que lhe ensinou mais sobre o fraseado do que ele imaginava que ainda tinha de aprender. Ele foi retirado, parentemente a pedido de Dylan, por causa de um potencial conflito de compromissos com seu Traveling Wilbury. “Mas uma pergunta”, McCormick comentou, “O desespero e a saudade de ‘Love Rescue Me’ está um tanto perto do osso?”

Certamente é tudo o que existe em uma letra que é poderosa, poética e incansável no seu brilho, brilho atormentado. “In this cold mirror of glass/I see my reflection pass/ I see the dark shades of what I used to be/ I see the purple of her eyes/ The scarlet of my lies/ Love rescue me”. Começando como uma balada country, a música é transformada pela entrada de Memphis Horns, levantando-a dos reinos da alma country à la Otis Redding. “Eu não acho que o retirei completamente da participação”, Bono admite. “Nesse ponto, eu continuo permitindo as influências negras na minha voz, ao passo que agora estou totalmente contente em ser branco. Rosa mesmo [risos]. Eu gosto disso como influência musical, mas na voz é perigoso para mim”.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:10 am

When Love Comes To Town

No início de 1986, B.B.King desembarcou na Irlanda para shows em Dublin e Belfast. Depois do seu concerto em Dublin, ele ficou com o U2, que estava no show. “Nós descobrimos um elo comum”, Adam Clayton recorda. “Quando nós o encontramos, estava lá um mundo inteiro de compreensão”. B.B. pediu uma canção e Bono veio com a base de uma, muito rápido. “Compor canções para outra pessoa pode parecer tão fácil”, Bono reflete. “Você sai da sua própria cabeça e entra na do outro. E chega rapidamente e você a escreve”.
O desafio é para terminar o trabalho – tipicamente, Bono se envolve num ponto no malabarismo, completando a letra no banheiro de seu quarto de hotel pouco antes do prazo que ele devia apresentá-la a B.B.

Um caderno de notas na mão, rabiscado para B.B, juntamente com as letras que o cantor empurrou embaixo da porta do quarto de hotel de B.B, indica que Bono sempre tinha previsto dividir os vocais no contexto do Rattle and Hum. Diz a lenda que quando o Rei encontrou Bono depois de ler a letra ele perguntou, “Quantos anos você tem? Eles tem letras pesadas. Letras pesadas”. Na leg do Texas da The Joshua Tree, B.B abriu para o U2, e na seqüência participou de ‘When love Comes to Town’. Ela foi gravada no Tarrant County Arena, em Fort Worth. A versão do álbum foi gravada no Sun Studios, onde muito do rock and roll tinha sido produzido por seu proprietário original, Sam Phillips.

“Você entra na sala do Sun Studios, e é uma sala modesta”, Adam recorda mais tarde. “Tem velhos títulos acústicos na parede e fotos de Elvis e Roy Orbison e Jerry Lee e Carol Perkins – é apenas história. Você não encontra muita tecnologia dentro de um estúdio como aquele – apenas a menor quantidade de equipamentos que você pode usar. E você tenta voltar a esse sentimento de fazer rock and roll sem ter grandes bancos de Marshalls e tudo mais. Apenas tocar do jeito mais simples que você puder”.

Simples, talvez. Mas ‘When love comes to town’ brilhantemente combina influências gospel e blues, tendo o B.B de volta para onde tudo tinha começado para ele, cantando em um quarteto de gospel do Mississippi. Com o poder redentor do amor como tema, vai voltar ainda mais para conquistar a sua metáfora bíblica como os dois cantores negociando versos: “I was there when they crucified my Lord”, B.B. canta, “I held the scabbard when the soldier drew his sword/ I threw the dice when they pierced his side/ But I’ve seen love conquer the great divide”.

Bono está solto. “É como aquela linha do Livro de Judas de Brendan Kennelly: “A melhor forma de servir a idade é traí-la”, ele diz. Por Rattle and Hum, a fé do U2 tinha se tornado verdadeiramente inclusiva. Você podia senti-la nos ritmos.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:10 am

Heartland

“Nós não escrevemos muitas canções diretamente sobre amor”, diz Bono. E é verdade, no sentido convencional do termo. Mas o U2 escreve sobre amor o tempo todo. Na verdade o amor em suas múltiplas facetas e aparências é o que mais freqüentemente ocupa o terreno de suas músicas. ‘Heartland’ é uma canção de amor.

Ela foi escrita durante 1986 para o The Joshua Tree. Gravada na casa de Adam Clayton em Rathfarnham, era uma das cinco ou seis faixas que permaneceram interminadas daquela maratona de sessões. Quando ela foi cortada, a banda passou a preferência para ‘Trip through Your Wires’; era uma questão de fluxo e equilíbrio. ”Era muito descontraída”, Bono reflete. “Nós queríamos algo que pudéssemos tocar ao vivo. No The Unforgettable Fire nós tínhamos feito esse tipo de rota ambiente, então em The Joshua Tree nós queríamos endurecer um pouco”. ‘Heartland’ era algo que poderia voltar mais tarde com lucro.
Combina com o tema de Rattle and Hum perfeitamente. Se o The Joshua Tree tinha atacado a duplicidade e o coração enganado pelas maquinações políticas americanas, seu sucessor foi um documento muito mais carinhoso, e suas novas canções celebrando a cultura popular e o país que tinha provido o terreno fértil para o blues e o rock and roll. ‘Heartland’ emerge como uma canção de amor para a nação. A Irlanda tinha freqüentemente sido caracterizada como uma mulher por poetas como James Clarence Mangan em ‘My dark Rosaleen’ e William Butler Yeats, que lançou o país como Caitlin Ni Houliháin e uma variedade de trabalhos. Agora Bono estava aplicando o mesmo tipo de licença poética. Ele passou no teste com honras.

‘Heartland’ foi a faixa favorita de Daniel Lanois no Rattle and Hum, e não apenas porque ele participou da produção junto com Brian Eno. Ele sentiu, em geral, que o álbum era muito claro, muito focado, muito contido. De uma perspectiva, falta-lhe a sensação de mistério que Eno e ele sempre tinha se esforçado para dar. “Nós sempre tivemos essa coisa na banda, onde falamos sobre o sexo do acorde", Bono explica. “Então se você não jogar a terceira, a corda torna-se bi-sexual de alguma forma. Poderia ser igualmente maior ou menor. E a faixa se torna sem resolução musicalmente se você usa nonas ou sextas e você não toca terceira. Na música americana, e particularmente o blues, essas coisas tornam-se claras musicalmente. Danny ama ‘Heartland’ porque ela traz de volta as suspensões.
Ela está de volta sonhadora, poética linguagem dos melhores momentos de The Unforgettable Fire, também. Como todos os assuntos do coração, há um elemento de obsessão aqui, um reconhecimento da dor ao lado do prazer de se descobrir apaixonado.
“A America me fascina e me assusta ao mesmo tempo”, Bono disse na época. “Eu não consigo tirá-la do meu sistema. O diretor de cinema alemão, Wim Wenders, que dirigiu Paris, Texas, tinha dito que a América foi colonizada por inconscientes. Ele está certo. A América é todos os lugares. Você nem mesmo precisa estar lá - ela vem até você. Não importa onde nós vivemos, é bombeado para nossas casas em Dallas, Dynasty e Hill Street Blues. Isso é Hollywood, isso é Coca-Cola, isso é Levi’s, isso é Harley Davidsons. Há bons e maus em tudo isso, mas de qualquer forma você tem que lidar com isso”.

Você não tem que ir lá - mas é melhor se você for. Há um suspiro no coração de ‘Heartland’, um sentimento de amor que, para todas as suas provações e tribulações, está sendo cumprida. E então Bono decola, subindo em um falsete maravilhosamente controlado para transmitir uma sensação de êxtase infinito.

E dois corações batem como um.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:11 am

God Part II

Você está tentando fazer o sentimento da loucura em torno de si mesmo. As vendas do álbum estão atravessando o telhado. A tour é como uma operação militar, só que às vezes se sente como Sergeant Bilko fosse o responsável. Há centenas de pessoas a bordo e agora todos querem um pedaço seu. A mídia quer um pedaço seu. Os fãs querem um pedaço seu. E sua família - eles têm direito a um pedaço seu que você não pode dar-lhes.

E ainda por cima – a confusão habitual, só que pior – alguém tem a brilhante idéia de fazer um filme da tour. Algo interno continua dizendo que ele poderia ser uma catástrofe.
Há tanto dinheiro em jogo e tão pouco controle que você pode exercer. Eles ficam no caminho, empurram câmeras até o seu nariz, te seguem - como se você já não se sentisse em um Goldfish Bowl. Você lembra de Washington DC. Caindo sobre o palco. Deslocando seu ombro. Sendo levado para uma ambulância. Olhando para cima e vendo Phil Joanou – vocês o apelidaram de ET – e suas câmeras. Você disse: “ET”, você disse, “o que você está fazendo na minha ambulância?” E ele disse: “Hey, você queria que eu fizesse um documentário!” Loucura. Completamente loucura.

E se você se queixar sobre esse tipo de coisa, se você reclamar – é como: “Desgraçado ingrato você. Você tem o dinheiro, sucesso, hits, quentes e frias groupies, limusines, champanhe no gelo onde quer que você vá – e você está reclamando?” Como se isso fosse tudo que importasse. Faz você pensar sobre o que deve ter sido para Elvis. Por que ele escondia-se em Graceland e comia uma montanha de cheeseburgers. Faz você pensar sobre o que deve ter sido para os Beatles, para John Lennon.

Foi por isso que você decidiu abrir o set com ‘Helter Skelter’. Agora a palavra era que Albert Goldman estava prestes a fazer uma crítica destrutiva sobre John Lennon. Goldman. Seu livro sobre Elvis fedia. Fez Elvis Presley parecer um idiota do rock and roll. Agora o babaca iria fazer o mesmo com John Lennon, e tratá-lo com um tolo do rock and roll. Como um valentão. Como um réptil. Albert Goldman. O que diabos ele saberia? Há um canção em tudo isso. Torne-a um tributo a Lennon. Jimmy Iovine o conhecia. Trabalhou com a The Plastic Ono Band.

‘God Part II’, você poderia chamá-la. Mande para Hollywood. Essa é a nova reviravolta. Dê a Goldman algo sobre ele mesmo. Ponha um pouco da bile reprimida pra fora do seu sistema. Diga algumas coisas sobre Lennon. Reconheça até algumas coisas sobre si mesmo. Divirta-se fazendo a coisa toda no molde da Plastic One Band. Apenas re-explore. Atualize. Olhe por uma nova dinâmica. Uma boa desculpa para ver como essa coisa grunge parece. Agradável e tranqüila e então WHAM! NA SUA FACE! Mantenha-o firme, contido e então USE A MARRETA. BAM! Jimmy deve ser capaz de lidar com isso.

‘God Part II’, você pode chamá-la assim. Ela é bem difícil, uma espécie de casa a meio caminho de The Joshua Tree e o futuro. Lennon escreveu tudo sobre ela. Ela tem loops de bateria para Larry chutar contra, o que é interessante. Tem que ser tudo legal e razoável e então WHA! Fazendo um pouco de birra. Você tem a chance de citar Bruce Cockburn: uma boa linha sobre ele, que é acerca de um chute na escuridão até sangrar a luz do dia. Você usa a oportunidade para mostrar seu próprio lado escuro. Para ser um pouco irresponsável. Para revelar sua raiva. E para ser seu próprio Lennon, tentando encerrar a verdade numa única frase. “I believe in love”. Porque é verdade. Você acredita. “Foi uma boa versão cover que você fez da canção de John”, Yoko disse quando você se encontrou com ela. Versão cover! Ela sequer olhou para os royalties.

Olhando para trás mais tarde, com um pouco de distância e desapego, ela não é uma faixa que faria você se apaixonar. A única coisa que faz ela parar é o canto: soa como um pouco de birra. Você pode rir de você mesmo agora, mas não há muito humor na música ou na gravação.

Que diabos. ‘God Part II’ pode não ser a melhor coisa que você fez, mas era necessário. E ajudou. Algumas vezes essa é a questão. Seja o que for que você recebe através da noite. Está tudo bem. Está tudo bem.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:12 am

All I Want Is You

Às vezes você tem que ficar longe de tudo para escrever. Uma das estratégias do U2 era que Bono e The Edge entrassem de cabeça em algum lugar do país, se isolando, ou melhor, para deixar a musa falar através deles. Quando a turnê de The Joshua Tree terminou, eles fizeram uma pequena pausa, e então começou o processo de escrever novo material para Rattle and Hum. Eles se retiraram para um casa em Connemara pertencente a John Heather, que eles alugaram na ocasião.

The Edge estava trabalhando na base de ‘Desire’ - o ritmo Bo Diddley, o riff principal. Ele também tinha essa bonita e melódica seqüência de acordes a qual Bono imediatamente viu potencial. Ele se preocupou por um tempo, procurando liricamente por uma forma. Finalmente chegou. “Tornou-se uma meditação sobre o compromisso e o que isso significa”, Bono diz. Tornou-se ‘All I want is you’.

Musicalmente, havia mais formas para ser lançadas ainda. Se Rattle and Hum tinha começado com The Beatles via ‘Helter Skelter’, terminaria com eles também, em uma seqüência que lembrava ‘A day in the life’. Ironicamente, ela foi o gênio rebelde por trás de muitos dos melhores momentos do The Beach Boys, Van Dyke Parks, que contribuiu para um arranjo que se inclinou para trás na direção da Europa, trazendo para o álbum um assombroso, etéreo final que não teria espantado em The unforgettable Fire. Mas é apenas um dos muitos bons elementos em uma faixa que promete muito e entrega mais na sua dimensão épica, com uma batida enganosamente lânguida de Larry e o baixo melódico de Adam articulando maravilhosamente.

‘All I want is you’ é uma canção de amor e Bono não fala geralmente sobre essas coisas – mas nessa ocasião ele o faz. “É claramente sobre uma versão mais jovem de mim mesmo e meu relacionamento com Ali”, ele reflete. “É preciso uma enorme generosidade de espírito para estar com alguém que está na posição que estou, e que pode expor você. Se você é uma pessoa muito privada, como ela é, você tem que ser muito cuidadoso com isso. É por isso que muitas vezes escrevo experiências sobre as outras pessoas, como se fossem as minhas, e em todas as minhas canções de amor, você verá que há algumas histórias.

“Essa é uma canção sobre compromisso, na verdade. Eu não acho que ser casado com alguém é tão fácil, realmente. Mas eu sou interessado na idéia do casamento. Eu acho que é uma loucura, mas é uma grande loucura. Se as pessoas acham que é normal, elas estão malucas. Eu penso que é o por que de um monte de gente se separar, é porque eles não estão preparados para o que é isso. Uma vez que já firmou esse compromisso, eles acham que é o fim de tudo, agora eles podem ficar descansados”.

“Eu sou muito inquieto. Eu não sou o tipo de cara que normalmente se acalma com uma família e uma pessoa. Eu simplesmente não sou. Eu sou um funileiro. Eu gosto de viajar. Eu gosto de me mover. A única razão de eu estar aqui é porque eu encontrei alguém extraordinária que eu não poderia deixar ir. Então, faz muito sentido você chegar do trabalho...é que alguns personagens querem correr, para chegar ao aeroporto e voar para longe. E outros personagens nunca poderiam ser afastados disso”.

Ele olha ao redor de sua sala. “Eu acho que é uma grande dinâmica para canções”.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 1:56 pm

Achtung Baby

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]

Island Records
Produzido por Daniel Lanois
Gravado em:
Hansa Ton Studios, Berlin
Dog Town, Dublin
STS Studios, Dublin
Windmill Lane Studios, Dublin
Lançado em Novembro de 1991



Selina Scott no Central Park, New York. Um microfone de encontro ao rosto de Bono. Selina Scott! Cada adolescente a assistiu na TV e: “WOW!”, aqui está ela bajulando Bono, falando sobre seu interesse por justiça social, sua viagem a Etiópia, seu envolvimento pelo projeto anti-apartheid Sun City. Bono está satisfeito consigo mesmo, ele parece dizer “Vocês estão certos. Que cara.” Apenas sobre conter o impulso.

The Giant’s Stadium, mais tarde à noite. Sem problema Selina, venha. Traga seu microfone. Traga sua câmera. Keith Richards está lá. Lou Reed está lá. Você teria algumas palavras? Para um especial 60 minutos sobre o U2?

Lou parecia ser brusco. Quando ele não gostou das perguntas de Selina, ele lhe diz para sair. “Homem, você tem um monte de merda com que lhe dar”, ele diz para Bono.

Talvez ele tenha entendido mal. Talvez Selina apenas estivesse agindo como advogada do diabo. Mas para Lou, ela parecia estar lançando calúnias sobre a idéia do U2 estar interessado em justiça social. Bono corou e sentiu-se estarrecido. Então a raiva bateu. Era estúpido deixar uma merda dessa chegar até você, ela parecia tão... tão doce.

Isso foi corroendo Bono. Então ele viu uma linha em algum lugar sobre o marketing idealista do U2. E ele pensou, é isso. Temos que nos livrar dessa bagagem. Não importa o quão sincero você pensa que está sendo. Não importa quanto tempo você gasta tentando explicar as coisas. Percepções são mais importantes do que a verdade.

Você é um rock star. Seu trabalho é repleto de contradições. Tempo para colocá-lo na agenda. Tempo para explodir tudo que aconteceu antes em pedacinhos. Entre no ‘Achtung Baby’. Entre na Zoo TV.

E então o mundo inteiro do U2 começou a desmoronar.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 1:57 pm

Zoo Station

Tempos de guerra na Alemanha. Os aliados estão causando estragos. Cidades sendo bombardeadas. Edifícios sendo atacados por terra. Milhares de mortos. No meio de todo aquele caos, um momento de humor surreal. Os muros do zôo de Berlin foram derrubados. Os animais estavam fugindo. Os cidadãos de Berlin emergem de seus abrigos de manhã. Há rinocerontes, pelicanos, flamingos nas ruas. Para eles, é um breve intervalo, um momento de ilusória liberdade nas ruínas de uma cidade, antes de serem recapturados.

Achtung Baby foi um pesadelo para gravar. Chegou perto de matar cada um na banda. Bono relembra Berlin Oriental de forma parda: escura, depressiva sombra cinzenta. Alguns dias eram melhores que outros, claro, mas havia muita tensão, muito rancor, muita frustração no ar. Ele decidiu que uma viagem ao zoológico seria legal. Os rapazes do U2 compraram sorvetes e andaram pelo zôo como crianças de escola. Phew! Rock and roll, como dizem alguns.

Bono estava interessado no zôo. Ele tinha lido uma novela sobre colocar os animais em liberdade, um tipo de introdução ao dadaísmo, indo de volta para o Lypton Village e o Virgin Prunes, que era seu mundo. Ele começou a sentir que as coisas estavam fechando o ciclo, que talvez fosse hora de re-introduzir personagens como o Fool. No palco do The Point em Dublin, no final da Lovetown tour que acompanhou Rattle and Hum, ele tinha falado sobre irem embora e sonharem tudo de novo. Sonhar, essa era a coisa. Eles estavam se movendo na direção do literal. Agora, eles precisavam se tornar Dadaistas novamente. Era tempo de parar de fazer sentido. Ou parar de fazer sentido óbvio, de qualquer forma.

Ele estava pronto. Pronto para o gás do riso. Ele estava pronto. Pronto para o que viria a seguir.

Ele estava interessado no zôo como uma metáfora. Então havia um certo reconhecimento quando eles desmbarcaram em Berlin para gravar o álbum. Esse lugar era como a porra de um zoológico. Após a queda do Muro, a cidade estava desaparecendo a cada segundo. Cada homem de negócios na Europa parecia estar lá, comprando até o quintal. E toda prostituta tinha voado pra lá, também. Era uma corrida do ouro em pleno andamento, sem o ouro.

Quando eles chamaram a estação de trem Zoo Bahnhof, eles sabiam sobre o que seria. Tinha sido a porta de entrada para o Leste, quando o mundo estava dividido pela Guerra Fria. Zoo Bahnhof estava certamente sobre a encruzilhada. A ideia de ir lá e dançar atraiu a banda. Agora, no bravo mundo novo da Alemanha reunificada, o lugar estava povoado por traficantes e cafetões e transientes. Agora, havia uma metáfora para toda a vida humana.

Zoo Station. Direto no coração da contradição. Sam Shepard tinha dito que era o lugar onde estar, e ele estava certo. O ponto era que a canção abriria o álbum com uma declaração de intenções. Esqueça os pontos de referência anteriores. Você está prestes a embarcar numa viagem rumo ao desconhecido.

O primeiro verso lê-se que poderia ter sido escrito do ponto de vista de uma criança prestes a nascer: “I’m ready to say I’m glad to be alive/I’m ready,ready for the push”. E que a suspeita permanece, como se Bono tivesse se inspirado no nascimento de seu próprio primeiro filho, lutando para encontrar seu rumo em um mundo estranho e por vezes hostil. “In the cool of the night/in the warmth of the breeze”, ele canta, “I’ll be crawling around/ on my hands and knees.”

Mas então uma nova criança está nascendo aqui. Bono estava infeliz com sua performance vocal quando a banda começou a gravar Achtung Baby. “Vamos apenas tentar algo que me coloque em lugar completamente “diferente”, ele disse a Flood, que era o engenheiro das sessões. Eles concordaram em distorcer a voz, fazendo soar como se Bono estivesse cantando através de um megafone. Criou-se um sentimento emocional completamente diferente, mudando não apenas a voz, mas tudo ao redor. Foi dado a Bono um som diferente, e também uma nova persona para tocar. Era um retorno ao mundo da criança de Lypton Village - um caso de viajar de volta pra então avançar: “Time is a train/makes the future the past/Leaves you standing in the station/with your face pressed up against the glass.”

A banda soava diferente também. A bateria estava mais pesada, insistente, industrial. Havia momentos de luz, quando o trem saia do escuro, flashes de abertura, capturados pela guitarra de The Edge. Mas este foi o início de uma viagem ao lado sombrio da experiência humana e a sugestão vista dos olhos de uma criança só tornou ainda mais pungente.
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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs - Página 4 Empty Re: “Into the heart” – The stories behind every U2 songs

Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 1:58 pm

Even better than the real thing

Isso vinha irritando Bono por um longo, longo tempo. Você liga o rádio e ouve uma voz emotiva gritando algo que soa quase espiritual. Que acaba por ser uma promoção para um banco. Você sapeia na TV. Há partes incríveis de imagens que poderiam sair direto de Vanishing Point, é que parecem mais ricos, mais densos, mais caros. É um anúncio de carro.

Foi na época do lançamento de Rattle and Hum. “Você não pode mais dizer a diferença entre os anúncios e as gravações musicais”, Bono me disse, claramente abalado pela forma em que a música estava sendo copiada e manipulada para servir às necessidades do comércio. E ainda não era própria a rocha sobre comércio, sobre a venda de discos? Pensei que estava lá como uma tendência em ‘Desire’, uma canção sobre a transformação das pessoas, que tinha Bono gaguejando “Money,money,money,money,money,money.”

‘Desire’ tinha sido gravada com Paul Barrett e Robbie Adams, manuseando os direitos de engenharia no estúdio STS em Dublin. Outra canção começou na mesma sessão e depois posta de lado, tinha sido chamada de ‘The Real Thing’. Eles levaram a multi-track daquilo para a Alemanha e tentaram trabalhar com ela no estúdio Hansa. Mas a atmosfera era tão sobrecarregada com melancolia que nada aconteceu. Eles não podiam arruinar aquilo.

De volta a Dublin, eles se instalaram em Elsinore, uma mansão no litoral em Dalkey, perto de onde Bono e The Edge vivem, para a qual a banda deu o nome de Dog Town. Foi lá que Achtung Baby começou a se juntar. A sessão de Berlin tinha sido abalado por uma mistura de divisões de criatividade, as tensões pessoais e um constante sentimento de deslocamento. Gradualmente foram superadas por um clima mais relaxado, atmosfera informal de novos ambientes. O espírito de Berlin pairava sobre a gravação, mas agora a escuridão e a claustrofobia poderiam ser trocadas para um efeito criativo. No momento em que vieram a terminar ‘Even better than the real thing’, a banda tinha redescoberto seu senso de humor...à la Marc Bolan em um tributo para o tipo de glam rock que estava no Top of the pops quando eles eram adolescentes.

“Tinha sido chamada de ‘The Real Thing’ que é um título muito idiota para uma canção”, Bono reflete. “Então com esse novo olhar que nós tínhamos, nós achamos que ‘Even better than the real thing’ é realmente onde as pessoas vivem agora. Pessoas não são mais as mesmas depois de experiências de verdade. Eles estão procurando por experiências verdadeiras, no momento. As pessoas já não são mais obcecadas com questões ‘Qual é a verdade?’ Elas querem saber ‘Qual é o ponto?’ E o ponto é o momento. É onde você vive agora, nessa cultura delirante. Coisas interessantes saem disso, porque viver no presente, no agora – e não olhar o que há ao virar a esquina - é muito perigoso politicamente, ecologicamente, nos relacionamentos, para a família. Mas é aí que as pessoas estão nesse exato momento.”

O interesse do U2 na dança tinha sido simultâneo com seus próprios planos de abrir o The Kitchen no Clarence Hotel.

Além disso, era imperativo sempre estar na vanguarda da cultura jovem, para saber o que estava ocorrendo, para absorver qualquer lição que pudesse ser aprendida e aplicar espertamente no envolvimento psicológico da banda. ‘Even better than the real thing’ era prova suficente de que Larry e Adam podiam misturar com o melhor dos novos grupos de dance de Manchester no departamento de ritmo mas havia mais do que uma pitada de ironia na apropriação do U2 na rotina gospel do velho Sly Stone, o backing vocal articulado “Take me higher”, antes de Bono entregar o refrão com o que equivale a sereno desprendimento.

A intenção era entregar-se a voyeurista enfase na aparência, a deslizar o conhecimento para baixo da superfície das coisas. A paixão do momento está soberbamente capturada na auto-projeção de heróicos clubbers: “We’re to fly crimson sky/The sun won’t melt our wings tonight”. Mas, subjacente a esta quimera erótica é alguma coisa trágica. O que mais além do som de um relacionamento se partindo poderia explicar o verso “Well my heart is where it’s always been/My head is somewhere in between/Give me one more chance/Let me be your lover tonight”?

Entretanto, a brincadeira era sobre a Coca-Cola, que tinha usado “The real thing” como seu slogan de propaganda por anos.

E foi quase um círculo completo quando Richard Branson aproximou-se da banda, buscando permissão para usar ‘Even better than the real thing’ para o lançamento de sua campanha para a Virgin Cola.

Mas teria sido muita ironia. A banda recusou.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 1:59 pm

One

Às vezes pode parecer como se estivesse cavando um buraco. Outro dia, outra sessão de gravações. Nada parece estar dando certo. Você se debate por cerca de seis horas, e no final você sabe que a inspiração se foi em um feriado prolongado. Mas agora você está dentro do processo, não há opção se não a de continuar. E assim você fica meio no ar um pouco mais. E de repente: BANG!

O U2 estava em Berlin a três meses e eles tinham entregado duas canções.Isso era mau. E uma delas aconteceu completamente por acidente. Eles estavam no auge do trabalho com ‘Mysterious Ways’ e procurando por um meio oitavo. The Edge veio com duas alternativas. Bono ouviu uma delas e pensou “massiva canção nova”! Ele improvisou uma melodia sobre os acordes e soou bem.

“The Edge pôs o outro meio oitavo no final e se tornou uma canção. A melodia, a estrutura, a coisa toda foi feita em 15 minutos”, Bono relembra.

Naturalmente, a banda estava animada. Aquele era um dos felizes acidentes, aqueles momentos quando aparece o log de congestionamento de idéias e de quebra uma música vem através de inundações. Fitas do trabalho em curso estavam sendo entregues para Eno, que mandava de volta com comentários e respostas; no devido tempo ele recebeu essa primeira, inspirado projeto de ‘One’. Na próxima vez que ele apareceu no estúdio Hansa, ele estava em clima de festa.

“Brian chegou e disse que tinha gostado de todo o material que nós tínhamos”, Bono relembra. “Nós estávamos surpresos porque todo mundo estava assustado com isso. Então ele disse: ‘Há apenas uma canção que eu desprezo, e é ‘One’”.

Bono ri. “Ele sentiu que precisava de séria desconstrução. E lá fomos nós em cima disso. E é por isso que funciona. Porque você pode tocar uma guitarra acústica agora e funcionar, mas se você tiver ouvido a guitarra acústica primeiro, não terá tido o mesmo sentimento”.

Flood relembra bem a sessão. Era uma daquelas ocasiões especiais. “Foi muito, muito rápido”, ele diz. “Bono cantou 90% da melodia e havia um monte de idéias líricas em sua cabeça. Só veio junto. Houve um momento é nós o agarramos”.

É extraordinário pensar o quão perto ‘One’ teve de não acontecer. Dada a forma aleatória e caótica, muitas vezes em que o U2 opera em estúdio, há sempre uma sentimento de que as músicas são escritas por acidente, mas esse era particularmente um caso extremo. E ainda surge como uma de suas melhores criações, uma balada de grande profundidade e beleza que abre para múltiplas interpretações.

“Acho que foi vagamente baseado na posição em que eu estava em relação a minha última namorada e minha esposa”, reflete Guggi, o velho amigo de Bono do Lypton Village, oferecendo uma interpretação. “Trata-se de tudo o que acontece com o colapso de um relacionamento e o início de um outro. Eu estava com minha última namorada, Linda, por 14 anos. E então eu tinha um pequeno estúdio no City Arts Centre. Eu estava trabalhando lá e então eu ouvi que essa pintora alemã estava vindo morar aqui por seis meses, para trabalhar, e acabou por ser Sybil. Foi como eu a conheci. Nós começamos a pintar juntos. E eu estava muito perto, fisicamente perto, para Bono, na época, porque ele estava por perto, estávamos passando muito tempo juntos. E eu acho que muito disso foi capturado na música”.

‘One’ é uma música sobre relacionamentos. A implicação de culpa, sentida por alguém que acabou de sair de um amor a longo prazo, está lá quando Bono pergunta, “Have you come here for forgiveness/Have you come to raise the dead/Have you come here to play Jesus/To the lepers in your head?”. Mas a música é também a meditação sobre o quanto que sua permanência em Berlim estava testando o próprio sentido de unidade da banda. “Que é uma coisa extraordinária sobre as composições”, Bono relata. O que uma coisa é em essência, você não pode jogar. Na verdade, se você jogar contra, muitas vezes você obterá muito mais.

“ ‘One, claro, é sobre a banda”, ele acrescenta. “Você viu a gravação do show Live at Sydney? Foi depois que Adam pirou em Sydney, e nós tivemos que fazer um show sem ele. Nós tínhamos apenas duas noites pra filmar, e a primeira foi perdida porque ele não estava lá. Por isso nós tivemos uma noite para fazê-lo e nós sabíamos que ele estava num mau momento. Mas ele parece incrível no filme e há uma verdadeira ousadia ao tocar, contra todas as probabilidades. Eu não sei como ele conseguiu se juntar.

“Pensávamos que ia ser o fim, para ser honesto com você. Nós não sabiamos se queriamos continuar, se alguém estava infeliz e não se divertindo. E o desempenho de ‘One’ de repente torna-se o que é sobre aquela noite. Ela tem essa qualidade como uma canção. Viajando ao redor da Europa, quando o material estava indo para a Bosnia, às vezes a 200 milhas de onde estávamos tocando, você tinha um tipo sememelhante de sentimento.

Três vídeos foram feitos para ‘One’, cada um com uma interpretação diferente para a música. Um, dirigido por Mark Pellington e construído em torno de imagens de búfalos sendo lançados sobre a encosta de um penhasco, foi baseado no trabalho do artista David Wojnarowicz, que tinha morrido de AIDS em 1992. Isso levou a uma especulação de que ‘One’ seria uma canção sobre AIDS e que a letra representava a conversa entre um pai e seu filho gay soro positivo. Essa sempre me pareceu uma interpretação um tanto liberal para mim.

“Era parte de uma das camadas da história”, Bono argumenta. “Se uma canção fala com qualquer tipo de exploração sexual ou erótica, então o espectro da AIDS tem que estar presente. Mas não é a única ameaça às relações. Tudo lá fora, é contra a idéia de casais. O conceito de fidelidade é constantemente posto em cheque em cada anúncio, cada programa de TV, cada filme, cada novela que você lê. Sexo é usado para vender mercadorias. Tornou-se uma mercadoria em si.

“Se sexo está ao menos próximo do centro de nossas vidas, como nós poderíamos ter colocado de lado o assunto que é propriedade das mentes mais entediadas, seria para pornografia ou algo do tipo? Acho que ainda é território virgem, porque você estava propenso a juvenilia, as 23 posições num tipo de ostentação de uma noite só. Há muito mais além disso”.

Com as sessões de Berlin na mala, o tape de ‘One’ foi levado para Dublin. O que eles tinham era uma boa base, mas ainda precisava do que The Edge costuma chamar de “primeiro plano”. Eles colocaram muitos overdubs, mas ainda não tinham conseguido uma combinação com a qual ficassem felizes. Que foi quando Eno chegou e, com seu isntinto afiado, fez um mix baseado em seus preconceitos pessoais, implacavelmente jogando fora o que ele não gostou. Foi a descoberta de que precisavam. Eles tinham uma imagem de um acordo que fosse funcionar.

Flood não se convenceu. ”Eu era o cético ranzinza”, ele relembra. “Eu sempre senti que era um pouco direta, até que nós fizemos a mixagem final. Era todas as mãos no convés. Bono não gostou do vocal num verso e nós basicamente gastamos um dia inteiro refazendo isso. A partir daí, nós fomos para o mix mode e fomos eu, Eno, Lanois e Bono sentados na parte de trás, todos fazendo diferentes movimentos, deixando o mix bastante emocional.

Há um ponto no processo quando a tecnologia se perde e você pode realmente usar a mesa como um instrumento. Começou a acontecer naquela mixagem. Temos logo após ‘Love is a temple’ e no final The Edge disse: ‘Eu tive uma grande ideia pra um riff de guitarra’. Assim foi a mixagem, havia três de nós na mesa, o resto da banda vibrando ao redor e The Edge na parte de trás do estúdio, tocando a parte da guitarra ao vivo para a meia polegada.

“Pessoalmente, sinto que a música tem um conteúdo de tão forte carga emocional - e nós conseguimos honrá-la completamente e melhorar isso, do jeito como a mixamos”.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 1:59 pm

Until the end of the world

Quais são os temas de Achtung Baby? Você poderia perguntar para dez pessoas e teria dez respostas diferentes. Quando Bill Flanagan perguntou a The Edge, ele citou-os: traição, amor, moralidade, espiritualidade e fé. Traição vem em primeiro.

Estava no ar. O casamento de The Edge estava caindo aos pedaços. Assim como o de Guggi. Havia muita tensão na banda. Agora que eles estavam trabalhando com loops de ritmo, Larry não tinha mais certeza de qual era seu lugar. Se ele fosse paranóico, ele poderia ter achado que ele estava sendo empurrado para o lado. Talvez ele estivese paranóico. Por outro lado, talvez ele estivesse sendo empurrado. Houve aquela manhã em que os outros decidiram abandoná-lo. Larry tinha passado horas definhando em seu hotel na Alemanha Oriental, perguntando o que estava acontecendo até que finalmente ele estava subindo pelas paredes. Ele teve que telefonar para Dublin para obter o número do estúdio e fazer contato. Quando ele chegou em Hansa, no final, ele estava furioso e ele deixou que todos soubessem disso. Traição. Estava no ar certamente. Há de se fazer uma música sobre isso.

Bono estava lendo o “Livro de Judas” de Brendan Kennelly e pensando sobre Sinead O’Connor. Judas Iscariotes era um personagem notável. Quanto mais se pensasse sobre ele, mais enigmático ele se tornava. A redenção não poderia ter acontecido sem ele. Ele também era o informante final? Ele entendia o papel que tinha sido atribuido a ele? Era interessante quando você pensava como ele traiu Jesus: com um beijo! O que estava acontecendo entre eles de qualquer forma?

Escrita para Wim Wenders, ‘Until the end of the world’ é sobre um encontro - possivelmente um ilícito - em que o sexo está no topo da agenda. Há um indício de que somente os homens estavam envolvidos, na linha: I was down in the hold/just passing time”. Há também uma forte sugestão de prostituição: ‘I took your money, I spiked your drink/You miss too much these days if you stop to think.”. E há uma clara referência ao sexo oral; “Surrounding me, going down on me/Spilling over the brim.” Mas não para aí. “In waves of regret, waves of joy”, Bono canta, “I reached out for the one I tried to destroy”.

E você sabe que ele deve estar pensando em um orgasmo que está encharcado de sentimentos de culpa.

Todos esses elementos estão lá, é claro, mas a música é sobre traição e é escrita do ponto de vista de Judas Iscariotes. (“Lá você tem”, Bono brinca, “Jesus cantando sobre Judas. O que mais você poderia querer?”) A linha “In the garden I was playing the tart/I kissed your lips and broke your heart” é a chave, se referindo a cena no Jardim de Getsêmani, e não há dúvidas sobre a implicação de uma ligação homoerótica entre Jesus e o homem que o traiu.

Por outro lado, há uma sensação de que Bono está escrevendo sobre si mesmo e sua própria capacidade de traição. “É sobre um homem jogando a torta”, Bono diz definitivamente. “Eu não acho que eu saiba de alguma mulher que seja a torta, mas eu sei de um monte de homens. De modo que não é uma coisa anti-mulher”.

Ou poderia ser sobre alguém que Bono sentiu que o traiu? Na verdade é sobre todas as traições e indiscrições que estavam tão presentes na experiência do U2 na época. De muitas maneiras Achtung Baby marcou o final do mundo como a banda o conhecia. “Isso é algo que surge no filme de Wim Wenders”, Bono comenta. “Como é difícil amar. A impossibilidade de tudo”.

Especialmente quando você percebe que não há ninguém em quem você possa realmente confiar. Ninguém que você possa confiar absolutamente.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:00 pm

So cruel

Você poderia ouvir Achtung Baby de todas as direções. Você poderia virá-lo de cabeça para baixo. Você poderia olhar para ele de uma dúzia de diferentes ângulos. Não importa. Não importa o jeito como você chega nele, há sangue nas faixas. E em nenhum lugar isso é mais evidente do que na balada ‘So Cruel’.

Descrevê-la como meio amarga seria um eufemismo. ‘So Cruel’ é a queixa desolada de um amante que tem sido rejeitado, mas que permanece amando seu algoz. É escura, amarga, intensa, masoquista. Como uma declaração sobre a infidelidade conjugal, o sentido de traição que acompanha isso e a raiva quase inevitável que se segue, seria difícil de suportar. Bono está claramente extraindo de experiências muito próximas dele, e particularmente do turbilhão emocional que The Edge e Aislinn estavam atravessando.

“Está ali, mas é injusto colocar tudo na separação de The Edge e Aislinn”, ele explica. “Essa foi uma das coisas tristes. Eu fui seu padrinho, e nós todos sentimos por isso. Mas essa era apenas uma das partes disso. Havia várias outras coisas acontecendo internamente na banda e fora dela e eu estava trabalhando direto com aquilo. As pessoas estão tentando desesperadamente agarrar-se em um momento que é muito difícil. Olhando ao redor, você vê quão despreparadas para isso todas as pessoas estão, e os acordos que elas fazem. Eu acho que há muito poucas pessoas escrevendo sobre isso, realmente.”

Visto de um outro ângulo, ‘So Cruel’ lida com a possessividade, ciúme e obsseção – a parte do cerébro onde sexo e poder estão conectados em um coquetel inebriante e viciante. Scott Walker foi uma reconhecida influência na música. “O seu é um modo muito delicado de expressão para o exterior”, Bono disse a Joe Jackson da Hot Press, “embora muitas vezes é atado debaixo de um monte de dor e raiva”. Então, também havia Roy Orbison, para quem Bono e The Edge tinham escrito ‘Mistery Girl’. O arranjo é creditado a Flood, destacando uma parte sutil de incorreção de estúdio que transforma a música.

“Se você não tem uma música lá em primeiro lugar, nada disso faria a menor diferença”, ele diz, “mas eu acho que a maneira como passou todo o ritmo foi muito importante. Foi colocada como uma música de fundo cheia de sentimento...O baixo é tocado, mas no estúdio, nós medicamos para mudar a ênfase que a linha de baixo coloca. Que a transformasse em algo que tivesse uma sensação única sobre ela. Foi uma faixa onde a tecnologia que está disponível para nós foi fundamental para o produto final.”

Mas no final é a poesia que a faz memorável. “Her skin is pale like God’s only dove/Screams like an angel for your love/Then she makes you watch her from above/And you need her like a drug.”


Última edição por Achtungzoo em Dom 05 Jun 2011, 2:07 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:01 pm

The fly

Responsabilize-o pelo guarda-roupa do homem. Fintan Fitzgerald, que lida com o efeito da operação U2, comprou para Bono uns óculos loucos. Nos dias nebulosos em Berlin, quando nada estava acontecendo, tornou-se um tipo de rotina. Bono colocaria os óculos de The Fly e olharia para o mundo através de uma personagem que mal havia se formado em sua imaginação.

Isso era infantil, lúdico. Mas gradualmente ele começou a sentir que havia alguma coisa ali. Lenta, mas seguramente ‘The fly’ nasceu.

A banda vinha martelando com uma peça com o título provisório de ‘Ultraviolet’. E manteve-se indo e vindo, dando voltas sem parar, durante a gravação do álbum. “Havia algumas boas ideias lá, alguns bons sons”, diz Flood, “mas tinha esse tipo de depressão no ar sobre ela. Era como se ela nunca fosse sair pra fora.”

De volta a Dublin, depois de mais sofrimento, a peça foi dividida em duas partes separadas. Uma se tornou ‘Light my way’. A outra era ‘The fly’. Em primeiro lugar, a canção era tão Leonard Cohen, Bono diz, mas os óculos escuros curaram isso...Fintan Ftizgerald também lhe deu um livro sobre turismo de Jenny Holger. “Eu fiquei muito interessado nestes aforismos de mão única”, Bono diz. “Eu estava escrevendo eles. Então eu tinha um personagem que poderia lhes dizer tudo, de ‘um mentiroso não vai acreditar em mais ninguém’ a ‘um amigo é alguém que deixa você pra baixo’. E era daí que ‘The fly’ estava vindo.”

Flood contribuiu para a distorção na voz, criando a distância que Bono necessitava para entrar plenamente dentro dessa parte. Daniel Lanois ajudou com a letra.

“Eu achei que era um personagem fascinante”, Bono relembra. “Eu achei que teria chance de fazer realmente algo com ele, especialmente ao vivo, porque havia rumores de megalomania circulando e eu pensei – bem, vamos dar a eles um megalomaniaco! Aí vai!”

“Os rostos das pessoas em Miami, ou por onde nós começamos a tour, quando a personagem caminhava pelo palco, era um espetáculo a ser visto. Eu não podia vê-lo tão claramente como todos os outros, porque eu tinha os óculos e estava fervendo dentro da roupa de Elvis. Mas eu lembro-me de senti-lo. Era apenas uma sensação de ‘Oh não, isso é verdade’. E era uma grande sensação”.

Um complexo sentimento subjacente tinha vindo junto. “Eu não reconhecia a pessoa que eu supostamente deveria ser. Era tanto o quanto você viu na mídia”, Bono disse a Alan Light na Rolling Stone. Há algum tipo de estupro acontecendo quando você está no centro das atenções e você vai junto”.

‘The fly’ era uma forma de romper com esse estereótipo. Era sobre subversão. Era também sobre rebelião. Com sua batida hip-hop, vocal distorcido e pesada aba industrial, Bono descreveu a música – o primeiro single de Achtung Baby - como o som de quatro homens derrubando The Joshua Tree.

Um dos aforismos que não fez parte da versão final era “O gosto é o inimigo da arte”. “Uma vez que você se encontra na ponta dos pés como um artista, então você sabe que você está no lugar errado,” Bono disse a Rolling Stone. “É como se você tivesse um livro de regras mas você não lembra onde você pegou. ‘The fly’ permitiu que Bono rasgasse o livro de regras e começasse tudo de novo.

Havia um toque do humor surreal de Flann O’Brien na mistura. “Há personagens em Dublin”, The Edge comentou, “e eu tenho certeza que em qualquer outro lugar, que se sentam em suas cadeiras no bar o dia todo. E eles sabem tudo. Eles parecem ter informantes na Casa Branca e eles parecem saber exatamente o que está acontecendo em Moscow. Eles que são filósofos de bar com todas estas grandes teorias e noções. Algumas das coisas que eles dizem podem ser incrivelmente espertas. E ainda assim eles provavelmente são loucos. Eu acho que era sobre o que Bono estava tocando”.

Isso permitiu a Bono dizer coisas sobre si mesmo e o seu papel como um artista que poderia ter sido difícil em circunstâncias normais. Sem dúvida, é concebido como um comentário irônico sobre o resto do álbum. “Every artist is a cannibal, every poet is a thief/All kill their inspiration and sing about the grief”, Bono proclama.

Mas então ‘The fly’ é lançada com pequenas explosões de verdades, algumas delas universais, outras pessoais. “It’s no secret ambition bites the nail of sucess”, ‘The fly’ anuncia, e é uma imagem poderosa que está enraizada na consciência de Bono e um dos motivos para a suas próprias unhas roídas. Há um final um pouco revelador – como os agrados de um marido (que não tenha aparecido para o jantar, que está esfriando no forno) telefonando para casa.

“Foi escrita como um telefonema do inferno, mas o cara gostava de lá”, Bono disse a David Fricke da Rolling Stone. “Era um cara fugindo: ‘Oi querida, é quente mas eu gosto daqui’. A personagem está apenas no limite da loucura”.

Não estamos todos? Com a Guerra do Golfo acontecendo durante a gravação, havia uma sensação na qual ‘The fly’ representa o homem comum, desorientado, desarticulado, assustado e correndo da pura maluquice do mundo ao seu redor. E depois houve Bono fazendo a Fat Lady pela primeira vez, cantando em falsete gospel: “Love we shine like a burning star/We’re falling from the sky”.

Deveríamos ter sabido que estava tudo acabado quando ela começou a cantar.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:02 pm

Mysterious Ways

Há uma sensação em todo o Achtung Baby de que há um sentimento que todo o homem é apenas um observador horrorizado no banquete do amor. Que a mulher é o ser superior. Que tudo que ela tem que fazer é estalar os dedos – ou bater o chicote – e ele obedecerá.

Imagens de dominação e submissão são abundantes. Elas estão em ‘Zoo Station’, ‘One’, ‘Who’s Gonna Ride Your Wild Horses?’, ‘So cruel’ e ‘The fly’, com o narrador humilhando-se diante da mulher por quem ele está obcecado, rastejando sobre suas mãos e joelhos, obedecendo até suas mais caprichosas injunções e caindo aos pés dela em uma mostra abjeta de adoração. ‘Mysterious Ways’ continua na mesma veia, com o celebrado verso “If you want to kiss the sky/better learn how to kneel...(on your knees boy!)”

“É uma música sobre um homem vivendo com pouco ou nenhum romance”, Bono diz. “É uma canção sobre mulheres – ou sobre uma mulher – mas está endereçada a ele”- Bono fala um pouco sobre a teologia e sobre El Shadi – “o terceiro e menos usado nome de Deus na Bíblia, que se traduz como “De peito“, eu sempre achei que o espírito é uma coisa feminina”, ele diz.

‘Mysterious Ways’ não é sobre uma mulher particular. É sobre mulheres em geral, e a maneira como elas chegam - e muitas vezes dominam o homem. “Ali sempre diz, ‘Pelo amor de Deus, você vai me deixar de fora desse pedestal?”, Bono ri. “Às vezes eu tendo a idealizar as mulheres. É tão fácil cair na armadilha de separá-las em anjos e demônios por causa do drama. Mas não há de nenhuma maneira, qualquer coisa anti-mulheres envolvida. Nossas músicas não são politicamente corretas. Elas são escritas do ponto de vista de um homem. Ele está lutando com coisas diferentes, há um clarão de raiva e mágoa, aqui e ali. Mas eu não acho que as mulheres se saem mal”.

‘Mysterious Ways’ é uma das mais alto-astral e otimista faixa do álbum. Começava com um riff de baixo. Adam dando o pontapé inicial e Larry que estabelece uma dança devidamente funky, com ritmo .... Então eles batem na parede. “Um monte de ideais diferentes foram tentadas”, diz Flood. Eles acidentalmente se desviaram de ‘One’ e então voltaram para ‘Mysterious Ways’.

Daniel Lanois foi para o estúdio em Berlin numa manhã cedo para testar algumas idéias antes de a banda terminar. Ele não gostou do que estava ouvindo e estava ficando cada vez mais frustrado; então quando Bono chegou e começou a cantar, ele parecia estar empurrando a música na direação oposta totalmente. Em um escuro, tenso período para a banda, esse era o ponto mais baixo. Lanois e Bono argumentaram solidamente por umas duas horas – um amargo, intenso argumento.

“Essa é a razão pela qual eu amo tanto Danny”, Bono ri agora. “Ele cuida da gravação que ele está fazendo tanto ou mais que qualquer banda ou artista com o qual está trabalhando”.

Mas não foi engraçado na época. Joe O’ Herlihy relembra como um confronto brutal e hematomas.

“Eu realmente achava que eles estavam partindo pra briga”, Flood adiciona. “Mas eu acho que era apenas o resultado do fato de que essa foi uma gravação muito difícil de se fazer. Entrando nisso que todos sabiam que não queríamos. Era como, você sabe o que quer pôr pra fora - mas você não tem certeza do lugar onde quer ir.

“É preciso uma série de erros, aprendizagem, dois passos à frente, três passos de lado para realmente chegar lá”, ele conclui.
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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs - Página 4 Empty Re: “Into the heart” – The stories behind every U2 songs

Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:03 pm

Who’s gonna ride your wild horses?

O U2 passa muito do seu tempo no estúdio conversando. Essa é uma grande luxúria de sua posição. A maioria das bandas são fortemente vinculadas a um cronograma e um orçamento.

O U2 tem os dois, a liberdade criativa e a influência financeira para definir seus próprios termos. Mas quando eles se comprometem, então o inferno desaba. Quando alguém está tendo a coragem de compromenter 250 milhões de dólares para sua turnê, eles querem saber se você está pronto pra aparecer na primeira data. E desde que a gravadora possa (ou pudesse) antecipar a entrega de pelo menos aquele tanto, novamente em vendas do álbum, eles querem ter certeza de que estará pronto e nas lojas no momento em que a máquina de turismo está sendo acionada. Algumas vezes é difícil saber que parte é mais difícil: a fase inicial de tentar, buscar, argumentar. Ou mais tarde selando compromissos, ou acabando o material sob a mira.

É assim que estavam com ‘Who’s gonna ride your wild horses’. Essa música teve tantas encarnações diferentes. Foi mixada uma dúzia de vezes de diferentes maneiras, e os prós e contras de cada uma delas era debatido em detalhes. Muitas vezes, ao longo do caminho, frestas de luz pareciam poder revelar o melhor caminho para uma canção, mas cinco mixagens foram esquecidas. Larry deve iluminar-se na bateria? Deve empurrá-los mais? E sobre aquela primeira faixa de ritmo que The Edge desprezou? Quando é que a acústica se foi? Adam. Nós esquecemos do Adam! Algumas vezes as discussões giram em círculos. Há mixagens produzidas que ficariam irreconhecíveis comparando com o produto final. E então é a hora de ser decisivo.

Achtung Baby foi particularmente preocupante. Daniel Lanois estava produzindo ao mesmo tempo que parecia desconfortável com o que estava indo pra baixo. Eno teve o luxo de ser diletante, ouvindo o que estava acontecendo, e fazendo comentários e sugestões. Flood estava lá todo o tempo, na mesa de som, mantendo o controle de tudo e incentivando o processo a ir para a frente com uma combinação de determinação calma e bom humor. E quando as coisas estavam ficando realmente cabeludas, havia sempre a opção de chamar Steve Lillywhite como um par de orelhas fresco. Eles o usaram em ‘Even better than the real thing’. E quando se estava em crise, quando decisões tinham que ser tomadas sobre ‘Who’s gonna ride your wild horses’, eles trouxeram ele novamente.

“Steve mixou-a e foi para a explosão sônica dela”, Bono diz. “Que começou como uma dessas coisas Scoot Walker mas nós sentimos que estava tão rica. Danny provavelmente sentiu que a versão final ficou muito FM. É uma canção que eu sinto que não demos tudo na gravação porque havia um outro conjunto de letras que estava entulhado e eu escrevi essa rapidamente e lá fomos nós. Mas nós tínhamos outra versão que foi lançada como single que ficou melhor.”

Era mais que uma canção de amor. Agora era sobre ciúme sexual. A letra pode ter sido apressada mas tem a sua quota de insights psicológicos no campo da batalha de amor, tudo a mesma coisa.

“Well, you lied to me/’cos I asked you to”, Bono canta, e você não precisa que seja dito o que o contexto é. E volta, no refrão final, o sexo oral: “Who’s gonna taste your salt water kisses?/Who’s gonna taste the place of me?”

“Tem sido dito pra mim”, Bono concede, “que há muitas referências a sexo oral na gravação. É uma posição muito igual. Mas eu não tinha pensado sobre o efeito cumulativo. Eu acho que há alguma coisa para todos. Não tente isso em casa [risos]”.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:04 pm

Trying to throw your arms around the world

Algumas épocas podem ser muito intensas em Dublin.

Todos estão vendo cada movimento seu.

A coisa mais estúpida está sendo relatada, inexata. Tornou-se difícil para qualquer um da banda sair e relaxar.

É uma das razões por decidirmos ficar em Los Angeles durante o inverno de 86. Havia uma sensação de liberdade que não havia em Dublin. Quando eles começaram a procurar um lugar para ficar, os agentes imobiliários mostraram a eles uma dúzia de lugares extravagantes. “Você não quer ver esse lugar”, disseram para The Edge. “É mais como um complexo militar. Não há ar condicionado. Não há carpetes”. The Edge lhes disse que queria aquela.

Era um lugar enorme. Eles podiam fazer qualquer coisa que quisessem lá, porque seria demolida num futuro não muito distante. Então eles quebraram as regras e seguiram rumo a completa experiência LA. “Nós começamos a viver à noite muito mais”, Bono diz. “Nós começamos a gastar nosso tempo no centro, longe da altitude em todos os sentidos, viajando por essas surpreendentes estradas.”

O centro de LA é uma cena extraordinária: pessoas pisando sobre os corpos no caminho para os bancos na parte da manhã. Havia rumores de que Bobby Fischer – o gigante do xadrez – vivia no centro, em uma caixa. À noite, o local era cheio de articulações de bebida ilegal e outros clubes nefastos de vários tons e listras. Havia uma pequena comunidade de almas perdidas que habitavam esta zona do crepúsculo, e o U2 abraçou-a.

“Era realmente importante pra mim”, Bono diz. “Coisas qua as outras pessoas estavam passando aos 18 ou 19, eu estava passando em seguida. Você sabe, começando a ser carregado e um pouco mexido. Não importando onde você acorda. Ali foi realmente boa nesse ponto. Ela estava chegando, mas ela reconheceu que isto era uma fase pela qual eu precisar passar.

“Eu tive um tempo maravilhoso lá. Um grafiteiro famoso apareceu, e ele fez a casa em graffiti. Ann-Louise foi mais para tentar fazer algum sentido no projeto, no que pensamos que viria a ser. Então para divertir eu me pintei com pintura de guerra e saí de cueca, coloquei Ann Louise na garupa da minha bicicleta e pedalei ao redor de Beverly Hills. E eles têm treinadores que vão pra lá para ver as casas das estrelas, e quando eles chegaram ao nosso lugar, você apenas podia ver todos esses rostos espantados. Foi ótimo. Aquele relaxamento que descobrimos musicalmente e pessoalmente foi tão importante para as gravações que se seguiram”.

No encarte de letras de Achtung Baby, ‘Trying to throw your arms around the world’ é seguida por agradecimentos para The Flaming Colossus. “Essa música explica o sentimento de que você deseja ser tão criativo e tão completo e absoluto em sua música quanto possível”, Joe O’Herlihy diz, “mas ao mesmo tempo você está tentando trazer a bordo. ‘Trying to Throw Your Arms ...’ reflete o que está tentando oferecer todos os lados.”

"The fly" revive, apresentando-se desta vez a partir de uma perspectiva mais simpática, como um cara que vai para a cidade e encontra-se em casa cambaleando na madrugada como uma alma perdida. “Sunrise like a nosebleed/Your head hurts and you can’t breathe/You been tryin’ to throw your arms around the world/How far are you gonna go/Before you lose your way back home/You’ve been tryin’ to throw your arms around the world”.

“É uma música sobre a ambição de um bêbado”, Bono diz. “Como em ‘Eu estarei em casa em breve’. Há apenas o calor dessa imagem”. E uma grande perspicácia. “Nothing much to say I guess/Just the same as all the rest/Been tryin’ to throw your arms around the world”.

Bono conhecia o personagem que ele estava escrevendo muito bem.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:05 pm

Ultraviolet (light my way)

Na maioria das vezes passaria desapercebida. Um pouco de risadas, de volta ao início da tomada e lá vamos nós outra vez.

Mas não desta vez. Isso foi depois que ‘Ultraviolet’ - como tinha sido chamada - se dividiu em ‘Lady with the spinning head’ e ‘Light my way’. ‘One’ já estava na bagagem e eles tinham uma forma para ‘Light my way’, seria uma declaração confessional de Bono, um preâmbulo sobre a inquietação e irresponsabilidade que iria colocar em contexto o que se seguiu. Então a banda iria perfurar seu jeito, dando à peça a sensação de uma música pop. Estava na metade da música quando Larry deixou cair uma de suas baquetas. Você poderia ouvir na faixa, tão claro como a luz do dia. Todos prosseguiram. Larry teve que fazer novamente e eles terminaram o take. Em seguida alguém jogou uma curveball. Talvez nós devessemos ter deixado aquele pedaço onde Larry deixou cair a baqueta. Ele não estava sendo engraçado.

“Dada a escolha”, Eno perguntaria mais tarde em uma artigo sobre Achtung Baby escrita pela Rolling Stone, “o quanto você permite que uma gravação exiba os defeitos com espontaneidade e o quanto você remenda”? Colocada dessa forma, soa como uma pergunta sensata. Porém, quando você é o baterista e foi quem deixou as baquetas caírem primeiro, acha que talvez estejam ficando cansados de você.

Daí você percebe que eles não estão, que eles são reais em deixar esta estúpida trapalhada na gravação. O que eles estão tentando fazer? Fazer uma gravação que, finalmente, arruine a banda? Que insulte os fãs? Que nos exponha todos como incompetentes? O debate dura por três horas. Às vezes parece que as pessoas estão querendo sabotar a gravação com divergência.

Quando Bono inicialmente produz o refrão, ele inspira uma certa alegria. “Baby, baby, baby”, ele canta, “light my way”. O que é tão engraçado?

As pessoas não tinham ouvido Bono usar a palavra “baby” assim antes. Ele frequentemente faz coisas de um jeito a alterá-as posteriormente, mas se tornou óbvio que essa era a letra da música. Não ficou boa. E além do que alguma coisa era minunciosa sobre a esperteza dela: não é condescendente usar o termo para a mulher, afinal? “Houve muito debate, e uma quantidade de risos, sobre Bono realmente indo e vindo com “Baby”, Flood recorda. “Tinha menos a ver com o politicamente correto dela do que se ele poderia realmente sair cantando “Baby, baby, baby/Baby, baby, baby” e assim por diante. Aquilo foi muito engraçado por um bom tempo.

Foi concebida para soar como uma música pop. Não foram as palavras ‘lixo’ e ‘descartável’ entre os chavões que eles identificaram para definir o terreno musical que queriam ocupar? Como um refrão, você poderia dificilmente ficar mais descartável. Era como um chamariz. O resto da música poderia ser tão pesada quanto Bono queria, uma declaração envolta em angústia e do desespero sobre o preço terrível que as pessoas pagam por amor.

Compare isso com sua média boba canção de amor. “There is a silence that comes to a house/Where no one can sleep/I guess it’s the price of love/I know it’s not cheap”. Não é a única imagem poderosa na canção mas, como Bill Flanagan pontuou, o pouco sobre o silêncio que vem a uma casa onde ninguém pode dormir inconscientemente foi emprestado de um um poema de Raymond Carver, ‘Suspenders’.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:05 pm

Acrobat

Durante o período que antecedeu Achtung Baby, o U2 vinha ouvindo KMFDM, Sonic Youth, The Young Gods, My Bloody Valentine. Na medida que o rock and roll estava preocupado, a ênfase era sobre um duro e afiado tipo de som industrial. The Edge estava particularmente por dentro de algumas coisas speed metal que estava em voga. Na época, eles também desenvolveram um interesse em Roy Orbison, Scott Walker, Jacques Brel.

Em termos de letras, que era a forma como The Edge queria ir, para um tipo mais pessoal de composição. O desafio que o U2 se dispôs para o álbum foi para fazer justiça a ambos os impulsos.

Tudo estava em movimento, Rattle and Hum tinha sido tão bem sucedido que foi constrangedor. Também tinha sido muito criticado pela imprensa. Tendo começado como uma banda na esteira dos supergrupos dos anos 70. Eles estavam agora se tornando o que eles haviam desprezado?

Sua estatégia tinha sido radical. Pegue tudo que você sabe e jogue fora. Trabalhe com a música que você não conhece, em um lugar que você não conhece, de um jeito que você nunca trabalhou antes. Desoriente-se.

Bem, eles conseguiram isso, mas eles conseguiram desorienar Daniel Lanois ainda mais. ‘Acrobat’ foi um dos casos. “Daniel passou maus bocados com ela”, Bono diz. “Ele fez tão bem, mas ele estava tentando usar nossos pontos fortes e eu não queria. Eu queria jogar com nossas fraquezas. Eu queria experimentar. Em retrospecto, alguns dos experimentos não funcionaram muito bem, pra ser honesto”.

Para a maior parte dos compositores, ‘Acrobat’ teria sido uma música lenta mas The Edge incrementa a guitarra e faz uma parte que é meio ‘Where the streets have no name’, meio ‘Bullet the blue sky’. A batida de Larry acrescenta o sentido de urgência, chicoteado ao longo da condução do baixo de Adam. Foi uma tentativa corajosa para uma banda de rock encontrar um distintivo, um limite, para o que era essencialmente uma outra canção de amor.

Mas essa é a letra que faz ‘Acrobat’. Em seu coração é a consciência dos estragos do tempo, e o que faz para as pessoas e para os relacionamentos. Mas além disso, há a auto-consciência que, por si só, só vem com experiência. Não pela primeira vez na gravação, Bono reconhece sua própria fraqueza e inadequação. Ele está mais consciente agora do que antes das contradições de sua própria posição. “And I must be an acrobat/to talk like this/and act like that”, ele canta.

“Eu acho que ele estava devolvendo um soco para a imprensa com o verso ’Don’t let the bastards grind you down’”, sugere Gavin Friday.

“A gravação”, Brian Eno disse de Achtung Baby, passou a ser vista como um lugar onde as vertentes incongruentes permitiam tecer juntos e onde a imagem de uma provavelmente desunificada (mas definitivamente Europa) se permitiria surgir.”

Ele poderia muito bem ter escrito ‘Acrobat’.
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Mensagem por Achtungzoo Dom 05 Jun 2011, 2:06 pm

Love is Blindness

Foi Gavin Friday quem despertou o interesse de Bono por Jacques Brel. Gavin tinha corrido o Blue Jaysus Club no café Dublin’s Waterfront e por gloriosos meses, tornou-se uma das noites mais célebres da cidade com Agnes Bernelle, Gavin Friday, Maria Mckee e Bono, entre muitos músicos e comediantes, aptos a aparecer com algo novo para executar, apesar de seu sabor distintamente europeu, ‘Love is Blindness’ tinha sido escrita durante o período Rattle and Hum. Era um material Blue Jaysus, uma música que poderia ter sido realizada com o acompanhamento de um piano solitário. Na cabeça de Bono, poderia ter sido cantanda por Nina Simone, uma de suas cantoras favoritas de todos os tempos.

Que nos leva de volta novamente para o sombrio mundo de engano e traição. Ela retrata o amor no final, o fim de suas forças. É tão triste e desesperador, uma visão do mundo como você provavelmente terá, refletindo o clima emocional em que o álbum inteiro tinha sido feito. “Todos os relacionamentos, com sua família, com seus amigos, com os membros da banda – tudo começou a desintegrar-se com aquela gravação”, Adam Clayton disse para John Waters. Em termos de humor, ‘Love is blindness’ tinha o escuro, sensual e decadente do pré-guerra em Berlin. Mas esse sentimento fez a perfeita conclusão de Achtung Baby. “Love is Blindness/I don’t want to see”, Bono cantou - um reconhecimento desolado da terrível realidade que às vezes é melhor não saber. The Edge toca um triste, ejaculatório solo de guitarra, esfaqueando a espessura de notas azuis emocionais que persistem e, em seguida, caem como lágrimas. “Uma oração mais eloqüente do que qualquer coisa que eu poderia dizer”, Bono reflete.

E então a escuridão cai.
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Mensagem por Achtungzoo Qua 18 Jan 2012, 4:02 pm

O livro Into The Heart Boy a No Line On The Horizon para download em pdf:

Parte 1:
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

Parte 2: [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

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Mensagem por Cris Clayton Qui 19 Jan 2012, 7:18 pm

Obrigada Cris!! Já baixei um deles e a seguir vou baixar o outro. EU tenho esse livro, mas ele acaba no ATDAAB. E este já tem o NLOTH! aee
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Mensagem por an773 Dom 29 Jan 2012, 1:42 pm

Cris e Rosa, muitíssimo obrigada por disponibilizar o material traduzido e bem editado para nós.
Um grande beijo e felicidades!

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Mensagem por AdrielMuniz Qua 01 Fev 2012, 9:22 am

Estou baiixando o (excelente) material também!
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