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“Into the heart” – The stories behind every U2 songs

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Mensagem por Achtungzoo Sex 04 Fev 2011, 12:25 pm

Relembrando a primeira mensagem :

Mais um excelente projeto de tradução de uma das obras mais interessantes sobre as músicas do U2, seu significado e as histórias por trás das canções. “Into the heart” – The stories behind every U2 songs, de Niall Stokes, desta vez traduzido por Rosa, da comunidade U2 do orkut, deu a permissão para eu postar aqui no MOFO o resultado deste magnífico trabalho que ainda está em andamento. Como estou copiando direto do orkut, estou fazendo umas correções principalmente de layout e algumas ortográficas. Então abaixo está a tradução da primeira parte do livro, sobre o álbum Boy. Confesso que minha visão sobre o álbum mudou depois que li sobre cada música. Foi muito mais interessante e prazeroso ouvir o álbum com essa exposição do livro na mente. Todos os créditos vão prá Rosa. aee U2

“Into the heart” – The stories behind every U2 songs
- by Niall Stokes

“Um livro é um objeto misterioso, eu digo, e uma vez que flutua ao redor do mundo, tudo pode acontecer. Todo tipo de dano pode ser causado, e não há uma maldita coisa que você possa fazer sobre isso. Para o melhor ou pior, isso está completamente fora de seu controle”.
- Paul Auster, Leviathan, 1992

Introdução

Com os livros, assim como com as canções...

Para escrever um livro sobre as histórias por trás das canções do U2 é necessário viver, dormir e comer música. Passa a ser um tipo de obsessão. Você fica procurando pistas extras, algo que você tenha deixado passar. Algumas canções crescem, quanto mais você ouve. Outras desaparecem. Você passa por fases. Mas algumas não param de crescer, até você descobrir que nunca vai tirá-las da cabeça. Sempre. “Take my hand”, você canta, “you know i’ll be there if you can, I’ll cross the sky for your love”. E as pessoas ficam te olhando. Você nem sequer tinha percebido que estava cantando.

Uma das questões que quase todo repórter de rock pergunta: como vocês escrevem suas canções? É uma pergunta sempre interessante, mesmo os compositores mais experientes gostam de ouvi-la sendo respondida. Porque cada escritor experimenta insegurança, alguma paranóia, algum sentido de que há um truque que ele pode estar perdendo. E geralmente eles estão certos. O U2 tem diversos truques, mas mesmo eles não pretendem conhecê-los.
Bono se tornou compositor por acidente e descreve o processo muito bem. Mas conforme as canções são escritas, ao longo de 25 anos ou mais, o resultado final tem sido glorioso.

O U2 tem se desenvolvido de todas as formas imagináveis, mas especialmente em suas composições. Boy foi um brilhante, original, energético e ambicioso álbum de estréia, que teve a sua quota de insights, mas ninguém poderia alegar que as letras eram seu forte mesmo. Viajando seis anos, de lá para a maturidade de The Joshua Tree, um álbum no qual Bono firmemente tem estabelecido sua credencial como um dos melhores letristas de rock foi muito claramente uma realização extraordinária.

Mas mesmo assim, em uma indústria onde muitos dos artistas que consideram ter chegado no topo e se contentam em descansar sobre os louros, o U2 se recusou a permitir-se estagnar. Com cada álbum subseqüente, têm consistentemente conquistado novo terreno.
Achtung Baby, segunda obra em reconhecimento, ganhou um público totalmente novo para eles; visivelmente, muitas dessas pessoas anteriormente não gostavam da banda. Sem diminuir a espiritualidade ou o desejo de transcendência no coração, fora o impulso criativo da banda, que também introduziu uma nova fase para eles esteticamente e intelectualmente.
Amplamente falando, The Joshua Tree e Rattle and Hum tem sido diretos, emocionais e sinceros. Em contraste, Achtung Baby foi oblíquo, codificado e indescritível, e Zooropa seguiu na mesma veia. Ambos foram mais conscientes do limite em seus ambientes musicais, e sem vergonha da direção tecnológica.

Havia razões para essa mudança, se não fosse pelo desejo sempre presente de fazer grandes discos, tinha a ver com o fato de que, com The Joshua Tree o U2 tinha se tornado a banda de rock de maior sucesso de todos os tempos. E com o sucesso vem a bagagem completa, em termos de atitude de ambos, fãs e mídia para com o grupo. De repente o U2 descobriu que eles eram alvos para os tablóides. Rattle and Hum foi duramente criticado. E, em alguns lugares, o seu compromisso, em si mesmo tornou-se motivo de zombaria. Contra esse pano de fundo, sobre a superfície, pelo menos Achtung Baby reflete uma estratégia para esconder mais do que revelar. Isso foi uma tentativa deliberada de sair do mainstream, para desafiar o público e confundir a crítica.

Com Achtung Baby, com a Zoo Tv , com a turnê que se seguiu, e com o próprio Zooropa, oU2 se tornou mais brincalhão e experimental. O senso de humor do grupo foi perceptível em sua música pela primeira vez. E o princípio do prazer ficou também em evidência, na crescente ênfase em ritmos de dança, na cultura da noite, um tom erótico.

Algumas vezes incompreendido, Pop continuou na mesma veia. Mas para “All that you can’t leave behind” e “How to dismantle an atomic bomb”, a banda se libertou da necessidade de correr atrás do “hip-ometer” e fez música, que fez nada menos do que “de quebrar os quadris”. Na verdade, com o impressionante How to dismantle an atomic bomb, eles brilhantemente voltaram às suas raízes, renovando-se magnificamente - e com enorme sucesso comercial - como resultado.

Dizem que no amor não há regras. Nem deveria haver no rock and roll. Uma das grandes coisas sobre o U2 e sua atitude é de que nada é sagrado na busca da excelência.
É uma boa teoria até você tenta colocar em prática, é aí que entra a mera retificação do trabalho . Mas desde que eles abriram uma trilha em nossos corações, no final dos anos 70, o U2 criou mais do que quase qualquer outra banda no planeta Terra, e eles têm as músicas para provar.
E as cicatrizes.

- Niall Stokes





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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:12 pm

I Still Haven’t Found What I’m Looking For

Algumas coisas fixam na memória. The Edge realizou uma festa em sua casa recém-reconstruída em Monkstown no sul da costa de Dublin, no Ano Novo de 1986. Nessa época, a maior parte do trabalho no The Joshua Tree tinha terminado e a banda estava relaxando. Mas Bono não conseguia. Uma de suas maiores qualidades é o entusiasmo nu que ele mostra para a música da própria banda. E então ele me explicou que esse era um álbum de canções, que o U2 tinha finalmente aprendido o que a palavra significava, e que eles estavam convencidos que eles tinham feito, de longe o seu melhor álbum até à data, como resultado. “Há uma em particular”,ele explicou, “Isso é incrível”. E então ele começou a cantar pra mim. “É assim: ‘I have climbed/the highest mountain/I have run/through the fields/only to be with you/only to be with you’, e ela tem esse refrão”, ele expandiu e cantou até que chegou a ele: “But I still haven’t found what i’m looking for”.

O bumbo da bateria de alguma música dançante batendo na porta ao lado, e o burburinho de vozes reinando ao redor e, ainda assim eu juro que eu poderia cantarolar a canção no próximo dia. Era o atrativo. Um perfeito pedaço de música pop, foi número um nos EUA quando foi lançada lá como single. Desde o início, Bono claramente sabia que ela era uma vencedora.

A música veio ao mundo com um outro rótulo, ‘Under the Weather’. Também tinha uma melodia diferente. Mas uma vez que The Edge tinha vindo com o título e o tema da dúvida espiritual, isso se cristalizou na imaginação de Bono, então o ímpeto se tornou inevitável. Dermot Stokes, que estava escrevendo para a Hot Press na época, tinha dado a ele um tape de música gospel e blues, incluindo faixas de The Swan Silvertones, The Staple Singers e Blind Willie Johnson. Eno, que tinha ouvido muito gospel, estimulou seu entusiasmo. Agora Bono sabia que ‘I still haven’t found what i’m looking for’ tinha que ter suas raízes no gospel. Mas ele também percebeu que o tema era grande o suficiente para lhe permitir escrever um hino.

‘I Still haven’t found what i’m looking for’ é lindamente escrita e elegantemente construída. A viagem da banda ao longo do ritmo que é um exemplo de retenção, com uma quebra de ritmo da guitarra acústica de The Edge, onde outros poderiam ter preferido um solo instrumental. Bono cantando com alma e coração. Ninguém cometeu nenhum erro. “Eu costumava achar que escrever palavras era antiquado”, Bono confessou. “Então eu esboçava. Eu escrevia palavras ao microfone. Para ‘The Joshua Tree’ eu sentia que tinha chegado a hora de escrever as palavras que significavam alguma coisa, fora da minha própria experiência”.

Você podia senti-la imediatamente. ‘I still haven’t found what i’m looking for’ era uma coisa real, embora nem todos parecessem concordar com isso. Em 1991, Negativland, uma banda underground com base em San Francisco, lançou uma gravação intitulada ‘U2’, eles re-mixaram e remodelaram ‘I still haven’t found what i’m looking for’, intercalando com trechos de uma entrevista entre Bono e o Dj americano Casey Kasem. Era uma fraude, tanto da forma criativa quanto comercial, pelo fato de que o logo do U2 dominava a capa. Uma reação automática foi que seus fãs poderiam ser enganados comprando algo sob falsos pretextos.

A Island Records entrou em cena e conseguiu uma liminar pra impedir a venda ou distribuição da gravação. Desde o início era uma situação sem saída para a organização do U2. Negativland alegou que não houve violação dos direitos autorais, porque ‘U2’ era uma paródia. E eles alegaram que o U2 estava definindo-se como animais do rock corporativo, esmagando o que era essencialmente uma subversiva declaração artística. Que está tudo muito bem. Mas poderia U2, ou sua gravadora, arriscar dar a toda e qualquer fraude comercial carta branca para usar seu logotipo e suas gravações sob qualquer pretexto?

“O que mais me assustava era que aquelas pessoas que nos criticavam realmente não ouviam nossas gravações”, Bono disse a David Fricke, da Rolling Stone. “As gravações não eram de propagação de qualquer tipo de ‘men of stone'. The Joshua Tree é um registro muito incerto. ‘I still haven’t found what i’m looking for’ é um hino de dúvida mais do que de fé.”

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:13 pm

With or Without You

Antes da gravação de The Joshua tree, a banda decidiu ensaiar em Danesmote, um período numa casa em Rathfarham na periferia de Dublin. A sala que eles ocuparam era bonita, com janelas altas e luz natural penetrando. Os ensaios foram tão bem que eles decidiram fazer o álbum lá. “Nós tínhamos experimentado bastante fazendo “The Unforgettable fire”, The Edge relembra. ”Nós tínhamos feito coisas um tanto revolucionárias como ‘Elvis Presley and America’ e ‘4th of july’. Assim nós sentimos, entrando em The Joshua tree, que talvez várias opções não fossem uma coisa boa, que limitações podia ser positivo. E então nós decidimos trabalhar dentro das limitações da música como ponto de partida. Nós pensamos: vamos realmente escrever canções. Nós queríamos que o álbum fosse menos vago, aberto, atmosférico e impressionista. Para torná-lo mais simples, focado e conciso”.

Você poderia dizer que há exemplos um pouco melhores em The Joshua tree que ‘With or without you’. Num certo nível, é uma coisa rara no repertório U2, uma canção de amor, e funciona como tal, capturando uma emoção que a maioria das pessoas em relacionamentos sérios deve ter sentido em um momento ou outro, quando Bono canta, ”I can’t live/with or without you”. Mas esta não é uma canção de amor do tipo que Bono despreza. Na verdade, quanto mais você se aprofunda, mais se torna consciente de que sob sua superfície encontra-se um emaranhado de ansiedades complexas. Concisa, que seja, mas ‘With or without you’ é qualquer coisa mais simples. Há, claro, uma dimensão espiritual para a música como o amor erótico e o amor agápe converge novamente para a mitologia pessoal de Bono, e ele volta com o tema de arrependimento próprio e perda do ego. Mas o que ele quer dizer quando confessa: “My hands are tied/my body is bruised/She’s got me with/nothing left to win/and nothing left to lose”? E quem é “ela”?

Bono não gosta de ser específico sobre canções pessoais desse tipo. Nunca é. “Em ‘With or whitout you’, quando se diz: ‘And you give yourself away/And you give yourself away’, todos do grupo sabem o que quer dizer”, ele explicou em 1987. “É sobre como eu me sentia no U2 naquela época”, expôs. “Eu sabia que o grupo achava que eu estava exposto, e que o grupo sentia que eu estava afastado. Eu acho que se eu causar qualquer dano ao U2, é que eu também estou aberto. É por isso que eu não estou dando muitas entrevistas esse ano. Porque há um preço para minha vida pessoal, e um preço para o grupo também”. “And you give yourself away”: uma frase que volta e volta, e olha para todos os lados. Há muita ansiedade, dúvida e mesmo culpa embrulhadas nela.

“O negócio é desafiar o rádio”, Adam disse a Rolling Stone. “Ficar com ‘With or without you’ no rádio é muito bom. Você não espera ouvi-la lá. Talvez numa igreja”. Além do mais, o U2 foi nº1 nas paradas de singles. “Paul McGuinness não queria que ela fosse um single”, Gavin Friday revela. “Mas eu disse a Bono que ela seria com certeza nº 1”. Foi um dos maiores argumentos que jamais tive com Paul, e no final Bono ficou do meu lado. Em justiça para Paul, ele veio até mim depois e pediu desculpas. Ele disse: ‘Você estava certo’. “É claro que eu estava”.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:14 pm

Bullet the blue sky

No ano sabático, durante 1985, Bono viajou extensivamente. Por pouco os astros de rock teriam se irritado com ele por fazer o Live Aid, e não saber em primeira mão o que acontece na Etiópia. Então ele foi lá com Ali, como trabalhador voluntário. Sua parceira tinha uma verdadeira preocupação com os mais desfavorecidos, especialmente às pessoas nos países emergentes, marginalizados pelas maquinações daqueles que seguravam as rédeas da política, economia e poder militar no Oeste. E então eles também viajaram para a América Central, patrocinados pela Anistia Internacional, para observar e passar um tempo em El Salvador e Nicarágua. Era natural para um homem e uma mulher irlandeses se identificar com a experiência nicaragüense, naquele pequeno país lutando para estabelecer sua própria liberdade e identidade, sendo intimidado por um vizinho muito maior e mais poderoso. Nas ruas, Bono viu terrível miséria, um resultado direto do bloqueio econômico americano e os EUA dando apoio para a guerra civil travada pelos Rebeldes. Mas ele também viu a dignidade com a qual as pessoas se mantinham em face às calamidades que os visitavam. Era uma visão sobre o lado negro da política externa dos EUA, que seria difícil de esquecer. Eles também chegaram suficientemente perto para a brutal campanha de assassinatos e opressão sendo travada com apoio dos EUA em El Salvador, para chegar a uma única conclusão.

“O espírito do povo na Nicarágua está sendo abatido”, Bono disse na época. “Eles estão sem comida e sem suprimentos. Eu estava em um comício de Daniel Ortega, e você pode dizer a partir do olhar das pessoas que queriam muito acreditar em sua revolução. Mas as pessoas pensam com o bolso a maior parte do tempo e você não pode culpá-los por isso, mulheres tentando educar os filhos, e pais de família sem emprego. É apenas muito triste ver o estrangulamento da América sobre a América Central, na prática. Quando você vai a um restaurante e eles lhe dão o menu, há 15 itens no menu e eles não lhe dizem que na verdade só tem um. Você tem que pedir 14 vezes antes que eles lhe digam ‘não, nós só temos arroz’”.

Não teria sido da natureza de Bono permanecer em silêncio. Como Martin Luther King tinha emergido como o herói de The Unforgettable Fire, agora The Joshua Tree tornava-se uma prece pelos despossuídos e por vítimas da opressão militar. Os Estados Unidos tinham sido bons para o U2. Tinham abraçado-os, transformado-os num dos maiores sucessos e mais importantes grupo de sua era. Mas as coisas que estavam sendo feitas por americanos na América Central, ostensivamente em nome da liberdade e justiça, eram terríveis. Quando chegou a isso, o U2 estaria disposto a morder a mão que os alimentou.

‘Bullet the blue sky’ uiva com raiva e medo. Em El Salvador Bono tinha visto aviões caça do governo sobrevoando em uma missão. Ele ouviu o barulho de armas de fogo a distância. Aquela era a realidade com que alguém acordava a cada dia. ‘Bullet the blue sky’ era uma tentativa de confrontar o próprio público do U2 num sentido do que isso poderia significar. Mas esse era apenas o ponto de partida, como a música volta atrás, buscando o coração da escuridão em que pessoas inocentes estavam sendo mergulhadas. Irangate, os detalhes do que havia surgido em 1986, expôs a ganância, duplicidade e corrupção a qual tinha retomado Washington durante a era Reagan. “As pessoas estavam tão atrasadas para tudo que Ronald Reagan representava”, The Edge refletiu na época de The Joshua Tree, ”mas agora eu acho que quando nós voltarmos para a América nós veremos um país quebrado. Ou isso ou as pessoas param para olhar, que é uma perspectiva mais assustadora.”
“Eu continuo acreditando nos americanos”, Bono acrescentou. “Eu acho que eles são um povo muito aberto. É essa abertura que os leva a confiar num homem como Ronald Reagan. Eles querem acreditar que ele é um cara legal. Eles querem acreditar que ele está no calvário, vindo pra resgatar a reputação da América depois dos anos 70. Mas ele era somente um ator. Era somente um filme. ‘Bullet the blue sky’ fez uma outra conexão, ligando a desastrosa política externa americana de Reagan para seu próprio fundamentalismo religioso e dos cristãos tele-evangelistas que tinha florescido em sua versão da América. O U2 reconheceu que o imperialismo é alimentado por uma justiça que nega a outros o seu próprio direito de crer e manifestar suas crenças.

“Eu diria que nenhuma das minhas crenças fundamentais mudou”, The Edge disse durante 1986, “mas elas ampliaram e amadureceram e foram temperadas com uma vasta experiência (a) do que é bom sobre o resto do mundo e (b) o que é ruim sobre religião em todas as partes. Eu basicamente assumo que cada grupo religioso, ou comunidade, tem um problema, é de alguma forma asneira. Eu não acredito que existe um único caminho espiritual perfeito e, conforme vai percebendo, obviamente, você fica muito mais aberto”.
A menção do pregador Jerry Falwell inspirou raiva, na fronteira com o desprezo. “Ele prega que Deus veste um terno de três peças de poliéster, é branco, fala com sotaque sulista, é anglo-saxão, tem esposa e filhos. E então você diz, como isso se relaciona a um camponês chinês? E você percebe que não se relaciona, de qualquer forma”.
Ou para um sulista negro? A canção contrasta a queima de cruzes do Ku Klux Klan com o som libertador do saxofone de John Coltrane respirando dentro da noite de New York. America: terra dos paradoxos. Tudo que é grande sobre o mundo, e tudo que é repulsivo sobre ele, enrolado em um. ‘Bullet the blue sky’ é sobre isso.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:14 pm

Running to stand still

Você não podia escapar das sombras da heroína em Dublin nos anos 80, nem do fantasma da dependência e da morte que arrastou na sua esteira. ‘Wire’ tinha lidado com esse tema. Então teve ‘Bad’ com maior efeito. Dirigida a um junkie conhecido da banda dos velhos tempos da Lypton Village, sua repercussão foi tão poderosa e sua emoção tão certa que ela havia se tornado um destaque da banda ao vivo durante a turnê de The Unforgettable Fire, um dos originais e duradouros hinos de apelo popular do U2.

Agora o U2 retornou para o tema, em uma canção que foi claramente inspirada pela arrebatadora ‘Walk on the Wild Side’ de Lou Reed, uma influência que refletiu a postura fresca sem julgamento de Bono e da banda para o problema da droga que era endêmica nas ruas, onde eles tinham crescido em Dublin. ‘Running to stand still’ é inescapavelmente localizada em terrenos que, inicialmente com referência lírica aos sete blocos de apartamentos, que institui a cicatriz na paisagem urbana ao norte de Dublin e distingue Ballymun, onde Bono cresceu, do resto da cidade, evocando uma imagem potente de desespero e decadência. “I see seven towers/but I see only one way out”, Bono canta, e você sabe o que ele quer dizer. “Eu não parto do ponto de vista de alguém que é completamente insensível aos usuários de drogas”, ele refletiu em uma entrevista a Hot Press em seguida ao lançamento de The Joshua tree. “Eu realmente entendo a atração. Eu entendi então, quando eu era um adolescente, e eu entendo mais agora o porque de, por exemplo, estar no palco por duas horas e depois não conseguir dormir por seis ou sete ou oito horas”.

Além disso, inúmeros amigos, conhecidos e colegas músicos na Irlanda se achavam no encalço da China girl. Christy Digman, cantora com Aslan, uma das maiores esperanças entre a primeira onda de bandas pós U2 em Dublin, tinha tido um flerte muito público com a droga. E então em janeiro de 1986, Philip Lynott de Thin Lizzy, uma legendária e inspiradora figura entre as bandas de rock irlandesas morreu de insuficiência hepática causada por abuso e, especificamente, a dependência de heroína. Quando acontece perto de casa, você percebe que não há sentido em ser crítico.

“Uma coisa que realmente me incomoda pessoalmente, é que por dois anos eu e a Ali vivemos em Howth, na mesma rua que vítimas do vício de heroína. Em ‘Running to stand still’ Bono vai mais longe, a empatia com o personagem central que está disposto a colocar tudo em risco, a fim de transcender o esmagamento da monotonia e horizontes estreitos, que arruinou a vida de tantas pessoas em uma cidade de alto desemprego e miseráveis condições de vida.

“Eu ouvi sobre um casal”, Bono explicou sobre o gênesis da canção, “e ambos eram viciados, e tal era a sua dependência que eles não tinham dinheiro, nada para pagar o aluguel, então o cara arriscou tudo em uma corrida. Ele foi e contrabandeou para Dublin uma grande quantidade de heroína, presos ao seu corpo, de modo que, por um lado houve a prisão perpétua, por outro lado, as riquezas. Além da moralidade disso, o que me interessava era o que o colocou nessa posição. “You know I took the poison from the poison stream/and I floated out of here”. Porque para um monte de gente não há mais portas abertas. E então se você não pode mudar o mundo em que você está vivendo, vê-lo com outros olhos é a única alternativa. E a heroína te dá olhos de heroína pra ver o mundo. A coisa sobre a heroína é que você acha que esse é o jeito que as coisas são, que o ‘velho você’ que se preocupa com o pagamento do aluguel não é o ‘verdadeiro você’”.

Musicalmente, ‘Running to stand still’ foi quase improvisada usando um tape de ‘Walk on the Wild Side’ e ‘Candle in the Wind’ de Elton John, a qual eles seguiram durante ‘Bad’ na pré turnê, como uma plataforma de lançamento, mas liricamente era finamente afiada. Tornou-se uma das canções mais importantes do The Joshua tree. Não somente porque surgiria como um hino de Dublin, mas talvez, por outras razões cruciais também. Na sua falta de certeza moral e sua recusa a julgar seus indivíduos duramente, olhar para a frente para a paisagem caótica que a banda descreveria – e adotaria - totalmente em Achtung baby e Zooropa, na qual a única certeza é a incerteza de si mesmo. O que fez dela uma das criações mais maduras e convincentes da banda até a data, um assombro, desafiando pedaço de poesia popular que ainda ressoa com a verdade lírica quase dez anos depois.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:15 pm

Red Hill Mining Town

Se os EUA estava gemendo sob o excesso escandaloso da era Reagan nos anos 80, as coisas na Grã Bretanha estavam um pouco melhores. A lógica da livre política econômica da Primeira Ministra Conservadora Margareth Thatcher levou a um aumento do número de desempregados, tendo a cifra no registro na casa de bem mais de três milhões. Entre as mais atingidas foram desastrosamente comunidades mineiras do norte da Inglaterra.
Sob a direção de Tatcher e a presidência de Ian McGregor, o National Coal Board começou a implementar uma política de encerramento de que eram consideradas minas não rentáveis. Uma greve de mineiros se seguiu, com a National Union of Miners, liderada por Arthur Scargill, combatendo de perto com unhas e dentes. Estava destinado a ser uma das disputas mais amarga e prolongadas da história industrial recente da Grã-Bretanha, e a devastação causada foi enorme.

Durante o verão de 1984, Bob Dylan tinha tocado em Slane Castle fora de Dublin, e cedo do dia Bono tinha o entrevistado para Hot Press. Foi dado a Dylan a oportunidade de convidar o cantor do U2 no palco, para se juntar a um encore de ‘Blowin’ in the Wind’. Descartado um verso para ser cantado por Dylan, Bono percebeu que, embora houvesse o reconhecimento da música, ele não sabia a letra: ele foi obrigado a improvisar. De alguma forma com a colaboração ao vivo não planejada, vi o Bono cruzar o grande divisor em termos musicais. Mais que qualquer coisa, confirmou para ele o quanto ele ainda tinha que aprender sobre a grande tradição de composição, canto e musicalidade.

Desenvolveu uma amizade que o fez mergulhar a fundo no catálogo de Dylan e refazendo as conexões entre os irlandeses e as tradições folk americanas. Ele estava ouvindo Bruce Springsteen também, abrindo outra janela no mundo de colarinho azul das músicas de trabalho. Essa consciência crescente do poder da tradição popular se refletiu na participação da banda em uma homenagem ao 25 º aniversário no Late Late Show, na televisão nacional na Irlanda, para os veteranos da cena folk The Dubliners. Para a ocasião o U2 escolheu uma música de Peggy Seeger, que tinha sido originalmente cantada por Luke Kelly e executada com impressionante apoio e autoridade. ‘Springhill Mining Disaster’, conta a história de como a ganância e a exploração de uma mina de carvão na Nova Escócia, terminou em catástrofe. Bono desenvolveu a canção com paixão e convicção, ganhando respeito no processo.

Todas essas vertentes se uniram em ‘Red Hill Mining Town’, que foi criticada em algumas áreas por não ser politicamente bastante específica, mas há ausência de qualquer dúvida sobre as simpatias de Bono. “ Eu sei o que as pessoas estão pretendendo”, ele disse na época. “Red Hill Mining Town” é a canção sobre a greve dos mineiros e a única referência a Ian McGregor é ‘Through hand of steel and heart of stone/Our labour day is come and gone”. As pessoas me cobram por isso, mas o que eu estou interessado é ver nos jornais ou na televisão que mais mil pessoas perderam seus empregos.

“Agora o que você não lê sobre isso é que aquelas pessoas que vão para casa tem famílias e estão tentando criar seus filhos. E, em muitos casos, os relacionamentos acabam sob a pressão das greves dos mineiros. ‘The glass is cut,the bottle runs dry/Our love runs cold in the caverns in the night/We’re wounded by fear,injured in doubt/I can lose myself but I can’t live without/’Cos you keep me holding on’. Eu estou mais interessado nos relacionamentos nesse ponto porque eu sinto que outras pessoas são mais qualificadas pra comentar sobre a greve dos mineiros. Que me enfureceu, mas eu me sinto mais qualificado para escrever sobre relacionamentos, porque eu compreendo-os mais do que trabalhar em um poço”.

O que a música conseguiu capturar eloqüentemente foi a sensação de desgraça que rodeou a morte das pequenas comunidades mineiras. Ela foi considerada pela banda para ser lançada como single, e um vídeo foi gravado pelo diretor Neil Jordan, que tinha feito The Crying Game and Interview With the Vampire. A banda ficou descontente com o que Jordan produziu e o vídeo foi silenciosamente enterrado.
O que pode explicar porque Red Hill Minign town nunca se tornou uma parte importante do set ao vivo do U2. Ela merecia coisa melhor do que se tornar uma jóia perdida.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:16 pm

In God’s Country

Bono estava tentando achar uma maneira de comunicar seu crescente sentimento de mal-estar com os EUA. ‘Bullet the blue sky’ tinha vindo cuspindo um espírito de ira. ‘In God’s country’ era mais medida: tinha um ar de resignação. A imagem de um deserto estava no coração de The Joshua Tree. “Tinha um aspecto espiritual”, The Edge fundamentou, “que a gravação tem, e também uma grande dose de mistério, que eu gosto”.
Adam foi mais longe: “foi extremamente inspirador para nós como uma imagem mental para esta gravação. A maioria das pessoas tomaria o deserto como algum tipo de lugar estéril, que, naturalmente, é verdade. Mas no frame direito da mente, é também uma imagem muito positiva, porque você pode na verdade fazer alguma coisa com uma tela em branco, que é efetivamente o que o deserto é”.

Esse é o tipo de pensamente que remete ‘In god’s country’. Soa um pouco como o U2 tocando U2 até The Edge soltar uma guitarra estilo Enio Morricone no intervalo. Bono,entretanto, está restringido. Vindo à ele em um sonho, os EUA está caracterizado como uma rosa do deserto, uma sereia cujo vestido está rasgado em tiras e laços. “We need new dreams tonight”, Bono canta. Ele está pensando sobre a escassez de novas idéias políticas. “Exceto na Nicaragua”, ele diz olhando pra trás. “Que é porque a revolução lá foi tão importante”.

“Não é sua primeira razão para estar no palco, para efetuar a mudança no clima político de um país”, Bono disse na época. ”Eu não sei qual é a primeira razão, mas não é a primeira razão. Mas eu gosto de pensar que o U2 já tem contribuído para uma reviravolta no pensamento”.

Talvez ‘In God’s Country’ iria virar algumas cabeças ao redor. Então novamente talvez não. Você poderia argumentar que o refrão era muito “radio-friendly” para isso.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:18 pm

Trip through your wires

Após o Live Aid havia menos pressão sobre o U2 para produzir um seguimento de The Unforgettable Fire. O natural período de duração da gravação tinha dado um enorme impulso com o desempenho catártico da banda na frente de uma audiência televisiva global. Eles não precisavam se apressar num novo álbum. E por isso passaram algum tempo fora. Eles deixaram de ser o U2. Individualmente e às vezes coletivamente, eles iam em busca de novos estímulos. A aparência de Bono mudou enormemente. Ele estava procurando por novas raízes musicais, ouvindo folk, blues e country. E essa procura refletia não somente na forma que ele pensava, mas no jeito que ele parecia também.

Da mesma maneira isso se dava em relação às mudanças musicais que a Irlanda estava passando em meados dos anos 80. Mike Scott havia se mudado para Dublin com o Waterboys e tinha se tornado obcecado não apenas por Bob Dylan e Van Morrison mas também pelo folk irlandês tradicional. The Hot House Flowers também estava em ascensão, fazendo links semelhantes. Ambos tendiam a realizar sessões espontâneas nos mais estranho dos lugares, de modo que Dublin se tornou uma cidade de artistas de rua. Mantendo esse tipo de companhia, o vocalista com um dos grupos de maior sucesso no mundo poderia ter sido levado a pensar que ele devia ser capaz de se amarrar a um violão e cantar uma canção sem o back-up de um grupo de estrada de 30 pessoas e $ 1 milhão em PA.Era contra esse pano de fundo que ‘Trip through your Wire’foi concebida.
Um velho amigo, Billy Magra, começou a se envolver em um novo programa de televisão para jovens, TV Gaga, como produtor-diretor. Como um gesto de apoio, a acrescentar à credibilidade do programa – e esperançosamente sua avaliação – a banda concordou em aparecer no programa e divulgar duas novas músicas. O mundo veio abaixo: elas não soavam com nada que o U2 tivesse feito antes.

Na noite, a banda surgiu parecendo figurantes de algum filme B, remake de Easy Rider. Eles tocaram ‘Womanfish’, uma canção que posteriormente desapareceu, aparentemente, sem deixar vestígios – e ‘Trip through your Wires’. E foi como tinha sido prometido. Não havia um efeito de eco à vista, nem nenhuma das brilhantes, limpas, guitarras melódicas colorindo, o que tinha sido marca registrada do U2 até o momento. Em vez disso, assistimos The Edge descer sujo em um salão de bar brincando com o blues, uma canção bêbada que apresentou Bono lamentando grosseiramente sobre uma harmônica como Dylan. Nessa noite parecia e soava como uma obra em progresso. Claramente era. A versão de The Joshua Tree é muito mais rigorosa e disciplinada, mas o espírito da caótica performance na TV Gaga é mantido.
“Era um grande hootnanny (NT:festival folk), um grande yahoo”, Bono disse a Carter Alan. “Nós meio que fizemos isso de momento e eu soprei a harmônica. A coisa com Dan Lanois e Brian Eno no estúdio é que eles são muito favoráveis à idéia de uma sessão. Dan vai estar lá com seu tamborim ao lado de Larry, olhando-o nos olhos e batendo um prato aqui e ali. Eles ficam muito entusiasmados com isso, e nos deixamos levar pelo entusiasmo deles. É apenas um ciclo vicioso no bom sentido da palavra. Yeah, ‘Trip Through Your Wires’ foi divertida”.
Liricamente é relativamente descartável. Pode ser vista como um outro hino aos encantos contraditórios da América, personificada como uma mulher. Poderia ser sobre um encontro sexual não convencional e os sentimentos presentes de confusão e culpa. Ou pode ser lida como um exercício de criação de um mito, do tipo que Dylan inicialmente teria estado mais do que familiarizado, com o cantor discriminado pela devastação de viver a vida difícil, de ser posto para trás junto com o amor de uma boa mulher (ou mesmo uma má!).

Sexo bebida e rock and roll? Poderia ter sido um tape do porão pessoal de Bono. Teve influência de Dylan escrita sobre ela toda, mas também faz sentido no contexto mais vasto da jornada musical e espiritual a ser realizada pela banda em The Joshua Tree.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:19 pm

One tree Hill

Quando o U2 estava em turnê na Nova Zelândia em 1985 eles conheceram Greg Carroll, um Maori. Ele trabalhou promovendo as datas da banda Kiwi, começando em Auckland. “Há 5 ilhas vulcânicas que compõem Auckland”, Bono explicou, “e a mais alta é One Tree Hill. Greg me levou lá na minha primeira noite na Nova Zelândia”. Carroll tinha estado em torno da música e no cenário da mídia por um tempo e quando o viram em ação, a equipe do U2 ficou impressionada. Ele era um feixe de energia, um fio vivo. “Paul McGuinness pensou: esse rapaz é tão esperto que não podemos deixá-lo aqui. Vamos levá-lo conosco para a Austrália”, Bono explicou. Dentro de um curto período de tempo, Greg Carroll tinha se tornado um membro valoroso da organização.

Sua turnê mundial terminou, a banda retornou para Dublin. Greg Carroll veio também. Ele trabalhou como assistente de Bono e nos poucos meses que passou em Dublin, foi como um irmão para o cantor. Ele era muito amado e muito respeitado por aqueles que o conheciam, tanto dentro como fora do campo U2. O que aconteceu foi horrível. Um pesadelo. Durante a preparação para a gravação de The Joshua Tree, ele pegou a Harley Davidson de Bono para fazer um favor ao cantor. Estava sombrio, noite chuvosa. As estradas abominavelmente molhadas e a visibilidade era ruim. Em uma das principais rotas do centro da cidade, um carro saiu em arrancada na frente dele e Greg, indo em cheio de encontro ao carro. Ele morreu instantaneamente. A experiência arrasou a todos do U2, mas Bono ficou particularmente pior.

“Foi devastador”, ele disse para David Breskin. “Ele estava me fazendo um favor. Ele estava levando minha moto para casa. Greg costumava cuidar de Ali. Eles costumavam sair para dançar juntos. Ele era seu melhor amigo. Eu já tinha passado por isso uma vez com minha mãe. Agora era a 2ª vez. A pior parte é o medo. Depois daquilo, quando o telefone tocava, meu coração parava todas as vezes. Agora quando eu parto em viagem, eu me pergunto se as pessoas estarão aqui quando eu voltar. Você começa a pensar nesses termos”.
“Para mim inspirou o conhecimento de que há coisas mais importantes do que o rock and roll", Adam Clayton refletiu. “Que sua família, seus amigos e de fato os outros membros da banda, você não sabe quanto tempo mais você estará com eles.”

Mesmo 6 meses depois, Bono encontrava dificuldades para falar sobre o assunto, derramando as lágrimas em uma entrevista. “A ênfase, ele refletiu, entre familiares e amigos, quando tínhamos uma gravação n º 1 - e éramos uma grande banda - estava no quanto você tinha, e não no quanto você perdia. O sentimento chegou em casa através da perda de Greg Carroll. Mas o sentimento de perda tem continuado. Eu sinto isso muito mais agora”.

Foi o suficiente para inspirar uma das melhores composições de Bono, imagens evocando magnificamente a herança ancestral Maori de Carroll. Não somente isso, ‘One Tree Hill’ também produziu uma magnífica performance vocal, a qual apresentou o extraordinário desenvolvimento de Bono como um cantor. Uma façanha espiritual, ela é um cântico de louvor e celebração o qual descreve o tradicional enterro Maori de seu amigo em One Tree Hill e o liga poeticamente com temas de renovação e redenção, com o rio correndo, correndo para o mar.

Quem ouviu ‘One Tree Hill’ seria igualmente afetado. Repleto com mudanças de corda inspiradas por Eno, doce guitarra com nuances africanas e um ritmo sensual, cortesia de Adam e Larry, foi – e permanece – entre as grandes faixas do U2, um tributo apropriado para a partida de um dos fieis da banda.

“O funeral de Greg Carroll foi além da crença”, Bono disse. “Ele foi enterrado em seu lar tribal, como um Maori, pelos chefes e mais velhos, e foram três dias e três noites acordado e sua cabeça poderia estar dando voltas completamente. E a nossa estava, de novo, e de novo”.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:20 pm

Exit

Bono tinha ido para o oeste em sua leitura. Ele estava interessado em Flannery O’Connor, Raymond Carver, Norman Mailer, procurando por insights sobre o povo do lugar vasto que os tinham abraçado. Maneiras de compreender as ações ordinárias e então os forasteiros, madeiras flutuantes - aquelas à margem da terra prometida, cortadas do sonho americano. Ele leu The Executioner’s Song, de Norman Mailer, soberbo relato da vida de Gary Gilmore. ‘Exit’ não é sobre Gilmore. E não é sobre Charles Manson também. Mas redes de arrastão estão em um ou ambos.

Musicalmente ‘Exit’ é como nada que o U2 tinha feito antes. A antítese de seu brilho, toque, otimismo inspirador. Ela era suja, irada, alta, discordante, repetitiva, barulhenta, negra. Se a intenção era chamar um sentimento mal para fora, então eles conseguiram, com a intensa bateria de Larry e o baixo de Adam despudorado, insistente, criando uma poderosa sensação de estar dentro da pele de alguém, de sentir palpitações na sua rota para algum desenlace indizível.

“Pode-se dizer que este é um terreno proibido para os U2, pois nós somos um ‘grupo otimista’, Bono confidenciou na época. “Mas ser um otimista não significa ser cego e surdo para o mundo ao seu redor. ‘Exit’, eu não sei mesmo que ato está nessa canção. Alguns vêem como um assassinato, outros um suicídio. E eu não me importo. Mas o ritmo e a letra são quase tão importantes na transmissão do estado de espírito”. Esse foi o ponto de ‘Exit’: transmitir o estado de espírito de alguém que foi levado, por qualquer impulso forte, à beira do desespero. A corrente de imagens religiosas reflete uma nova consciência sobre os perigos do fanatismo implícito na fé. Mas não havia nenhuma outra mensagem em ‘Exit’, exceto que é assim que é lá fora: lidar com isso. E de certa forma, era um método de purgar os próprios demônios da banda, sua própria raiva e fúria com as vicissitudes que o destino tinha empurrado em cima deles. Era uma maneira de chegar a termos com a morte e dor. Foi um exorcismo.

Como tal, não foi sem seus próprios custos psíquicos. Nos EUA, o homem acusado do assassinato de Rebecca Shaeffer, atriz de TV, alegou que foi inspirado pela audição de ‘Exit’. Pode ter sido não mais do que um advogado de defesa inteligente chegando com um apelo meio plausível de atenuação, mas não era o tipo de acusação que você queria que pairasse sobre você, mas então, houve toda uma lista de lições positivas a serem aprendidas com The Joshua Tree também.

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Mensagem por Achtungzoo Ter 15 Fev 2011, 11:21 pm

Mothers of the disappeared

Durante 1986 o U2 tinha concordado em participar na tour de Conspiracy of Hope nos EUA com Sting, Lou Reed, Bryan Adams, Peter Gabriel e Joan Baez, entre outros. A turnê era para ambos, arrecadação de dinheiro e expedições de conscientização, em nome da Anistia Internacional.

A banda tinha desenvolvido um forte relacionamento com a organização através de Jack Healey, um ex-padre irlandês-americano, que juntou a turnê Conspiracy. Ele tinha ajudado fazendo conexões para Bono na Nicarágua e El Salvador. Agora, em uma variedade de formas e disfarces, preocupações com Anistia estavam ressurgindo em The Joshua tree. Em particular, Bono tinha ouvido falar sobre esquadrões da morte que operam sob a junta militar argentina nos anos 70 e 80. Foram décadas desoladoras antes da Guerra das Malvinas - ou a guerra nas Malvinas – que precipitaram um retorno da democracia durante o qual milhares de estudantes oponentes ao regime militar tinham sido presos e nunca mais vistos, mortos ou vivos. Na Argentina eles se tornaram conhecidos como “os desaparecidos”, e uma organização chamada Mothers of the Disappeared tinha sido formada para fazer campanha para a divulgação completa do que tinha acontecido com aqueles que haviam se oposto, e para trabalhar para a detenção e julgamento dos policiais e militares que foram responsáveis por moldar a execução da política estadual de tortura e assassinato.

‘Mothers of the disappeared’ continua a tradição de ‘40’ e ‘MLK’, mas é menos uma celebração, menos uma canção de ninar, do que um lamento. Ela inicia com efeitos sonoros perturbadores, cortesia de Eno, e nunca perde a sua sinistra, triste qualidade. A guitarra de The Edge é arame farpado, e Bono soa como “homem Dylan” de tristeza constante, sua voz um som alto, solitária. A canção é um ato de testemunho, mas não há nenhuma nota otimista de confiança atingida para fechar o álbum. Muito mal no mundo. Algumas coisas não podem ser explicadas.

O próprio Bono estava disposto a reconhecer isso agora.

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Mensagem por Mari Qua 16 Fev 2011, 9:42 am

Simplesmente não consigo parar de ler. IoI
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Mensagem por Cat Dubh Qua 16 Fev 2011, 10:20 am

Eu também não!!! aee Já tinha agradecido o Cris por MP por mais essa ótima tradução, mas não resisto, vou agradecer aqui também... Muito obrigada, Cris!!! Você, como sempre, arrasando nas traduções!!!... clap
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Mensagem por Achtungzoo Qua 16 Fev 2011, 11:28 am

Rosi escreveu:Simplesmente não consigo parar de ler. IoI

Cat Dubh escreveu:Eu também não!!! aee Já tinha agradecido o Cris por MP por mais essa ótima tradução, mas não resisto, vou agradecer aqui também... Muito obrigada, Cris!!! Você, como sempre, arrasando nas traduções!!!... clap
Fico feliz em compartilhar esse trabalho e de que vocês estão apreciando. Eu também estou achando incrível acompanhar os álbuns lendo as histórias por trás das canções. U2 Eu só editei, mas os créditos mesmo para o trabalho de tradução vão prá Rosa! aee


Última edição por Achtungzoo em Qua 16 Fev 2011, 12:03 pm, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Achtungzoo Qua 16 Fev 2011, 12:02 pm

Coloquei todo o texto em PDF prá quem quiser baixar:

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link]

pisca
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Mensagem por ritaloveu2 Qua 16 Fev 2011, 4:26 pm

Cris, obrigada por postar a tradução aqui pra gente! aee
já baixei em pdf e estou lendo, muito bom!
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:02 am

Rattle and Rum

[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]

Produzido por Jimmy Iovine.
Gravado em: Tempe, Arizona; Denver, Colorado e New York.
Também no A&M Estúdios, Los Angeles; Sun Estúdios, Memphis; STS Estúdios, Dublin; The Point Depot, Dublin e em Danesmoat, Dublin.
Lançado em outubro de 1988.


Tendo sido lançado como número 1 dos dois lados do Atlântico, The Joshua Tree passou a vender 12 milhões de cópias em todo mundo. Foi o record de uma banda radicalmente diferente daquela que tinha se estabelecido na War tour em 1983. E ainda quando as estações de televisão queriam mostrar imagens ao vivo do U2, tudo o que tinham era o vídeo Under a Blood Red Sky. Era tempo de entregar a versão da realidade para a história.
O filme foi idéia de Paul McGuinness. Seja já o que ele tinha em mente, a banda iria inevitavelmente abraçar a idéia. Conceitue-a. Complique-a. Faça-a o mais difícil possível. E então a faça mais difícil novamente. Assim o fizeram. Negócios como de costume.
Eles queriam explorar a música americana. Viajar de volta para a fonte. Enganchar acima com algumas figuras seminais. Assumir riscos. Desinflar o mito. Reconhecemos que, no grande esquema das coisas eram apenas novatos. Certo. E fazer o maior, o melhor, o mais dramático, o mais explosivo filme de rock jamais feito.

Posso tocar pra você aquela, querida?
Eles poderiam ter feito um filme-concerto direto e um álbum duplo ao vivo. “E feito um monte de dinheiro por um pequeno trabalho”, Bono argumentou. “Que é o que grandes bandas de rock fazem. Eles pegam o dinheiro e correm”.
Ao invés disso, o desejo incansável do U2 de se manter em movimento levou a melhor delas. Parte documentário, parte filme de viagem, parte filme-concerto, Rattle and Hum, o filme, é grande, alto, rudimentar, bem-humorado, poderoso, revelador. Rattle and Hum, o álbum, é avassalador, eclético, excêntrico, inspirador, magnífico. Martelado na imprensa, vendeu 14 milhões de cópias.

O mito não ia ser facilmente deflacionado.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:03 am

Helter Skelter

Houve pessoas que ridiculizaram a escolha de ‘Helter Skelter’ dos Beatles como faixa de abertura de Rattle and Hum. Na verdade, seria difícil escolher algo mais apropriado. The Joshua Tree tinha catapultado a bando para a linha de frente, lá em cima como detentores para o título que ninguém quer realmente: a maior banda de rock and roll do planeta. Na tour que estava programada para correr em 264 dias e através de 15 países, eles fariam 110 shows em 72 locais na frente de um público pagante de 3.160.998 fãs. Além disso, havia o concerto gratuito San Francisco Save The Yuppie, com uma audiência de pelo menos 20.000 pessoas. E, enquanto isso, os pedaços de toda a confusão foram filmados para o grande filme de rock and roll. Era uma carona na montanha russa, em que tudo era capaz de ficar virado de cabeça para baixo.

Em um sentido óbvio, o U2 estava no topo do mundo. Em outro, eles tinham mergulhado no vórtex, onde cada aspecto de suas operações estava sob escrutínio, e cada elemento da sua organização cada vez mais multifacetada sob tensão severa. Nada mais do que a própria banda.

“ ‘Helter Skelter’ era exatamente o que estávamos passando na The Joshua Tree tour”, Bono disse. “Foi um dos piores momentos da nossa vida musical. Primeiro uma luz cai e me corta, e eu tive que dar pontos no meu queixo. Minha voz falhou na primeira semana por causa do calor seco - a imprensa veio para o show de abertura e eu não podia cantar. Estávamos correndo o tempo todo e eu estava com muita dor no ombro. E eu me peguei bebendo muito para parar a dor”.

Gravado na arena McNichols em Denver em 08 de Novembro de 1987, foi feito em preto e branco para o filme Rattle and Hum. “A linha sobre Charles Manson era apenas um off-the-cuff na noite”, Bono relembra. “Se eu levantei o nariz das pessoas, tudo bem. Mas eu continuo achando que era relevante. Nós estávamos viajando ao redor dos Estados Unidos e eu tive alguns incidentes que vem contra o núcleo duro de combustão espontânea de violência que parece acontecer lá. Eu sempre fui fascinado por isso...e continuo.”

Não procure mais o sinal marcado ‘Saída’.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:04 am

Van Diemen’s Land

Em 1845, a Irlanda perdeu sua colheita de batatas. Era um sinal de uma catástrofe econômica e social de proporções medonhas. A pior devastação da qual se tinha conhecimento desde a Grande Fome de que poderia ter sido evitada, é controverso.
Comida suficiente estava sendo produzida dentro dos 32 municípios da Irlanda para alimentar a população. Mas os ditames do mercado e o laissesz-faire da política econômica da época prevaleceram. Por todo 1845/46 e o que ficou conhecido como Black’47, a comida que estava sendo produzida nos campos irlandeses nas costas do trabalho irlandês estava sendo exportada. Enquanto isso, como as colheitas de batata tiveram sucessivas falhas como resultado da queima, o número de mortos aumentou. Em longo prazo, dois milhões iriam morrer e, muitos emigraram para os EUA, no que ficou conhecido como navios de caixão. Centenas de milhares de pessoas morreram a caminho, de fome, febre tifóide e outras doenças associadas à desnutrição. Muitos encontraram do seu jeito a terra prometida, trazendo sua música com eles – assim fornecendo um dos principais afluentes levando ao híbrido o que se tornaria conhecido como o rock and roll.

Na Irlanda, enquanto isso, havia a experiência da fome articulada com o sentimento nacionalista crescente em toda a Europa. Em 1848, uma revolta foi planejada, mas esgotou-se miseravelmente e os líderes foram presos. Entre eles estava um poeta feniano, John Boyle O’Reilly, que foi deportado para a Austrália por seu papel em orquestrar a rebelião. Na cultura folclórica irlandesa, o nome dado para a Tasmânia – onde os cidadãos caíram em desgraça com a coroa e os tribunais eram freqüentemente transportados - era Van Diemen's Land; já era o título de uma familiar balada rebelde. Mas ‘Van Diemen’s Land’ do U2 - como ‘Sunday Bloody Sunday’, a versão final catártica do que seria capturado no filme Rattle and Hum – não é uma canção rebelde. Escrita e cantada por The Edge contra o pano de fundo esparso arrancado de sua própria guitarra elétrica, é um reflexo triste e movendo-se sobre a continuidade do sofrimento, injustiça e violência, com os casacos escarlates dos fenianos agora a ser substituídos pelas boinas pretas do IRA.

“É uma canção de emigrantes - ou uma canção de imigrantes”, Bono comenta. “Isso é o que justifica o seu lugar no álbum. Mas eu tenho que estar muito concentrado em uma gravação, e para mim aquela gravação foi estabelecida em um só lugar”. É como acontece, a voz de The Edge apela lamentosa por justiça sem violência, gravada no The Point Theatre onde o U2 estava ensaiando, provendo um dos momentos mais bonitos e admiráveis do filme, com a câmera de Phil Joanou cineticamente varrendo para baixo o rio Liffey, que atravessa o coração da cidade e para fora da baía de Dublin, um lugar do qual pelo menos alguns dos emigrantes do século 19 embarcaram.

John Boyle O’Reilly foi rumo a Austrália. O U2 estava viajando no coração dos EUA. Todos nós, em um nível ou outro, estamos em fuga. Dirigindo-nos, mas para o que?
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:04 am

Desire

O primeiro single de Rattle and Hum, ‘Desire’ confundiu expectativas. Se alguma coisa de The Joshua Tree meio que apontava nessa direção era ‘Trip Through Your Wires’ – mas que foi alastrada e indulgente, uma porção de bêbados num salão de bar obsceno.
Por comparação, ‘Desire’ foi carregada, armada e pronta para explodir na mão do ouvinte. “Nós pensamos sobre a obtenção de algumas canções com linhas interessantes de bateria”, Larry explicou para Steve Turner, para Rattle and Hum, o livro, “assim em vez de gastar tempo tocando como costumávamos, cada um de nós foi e fez pesquisas e voltou. E essa foi a idéia que tivemos.”

The Edge alegou que eles estavam ouvindo ‘1969’ de Iggy Pop, que pode de fato ter sido o caso, mas o ritmo foi gerado por um Mr. Bo Didley e teve o seu impacto global sobre as cartas através dos Rolling Stones, de Buddy Holly em ‘Not fade away’. Em seu lançamento, ‘Desire’ foi direto para o nº 1 no Reino Unido, e o U2 estava compreensivelmente feliz. Eles originalmente gravaram-na no STS Studios em Dublin como uma demo. Eles a regravaram no A&M Studios em Los Angeles, e essa ficou muito mais justa e mais precisa. “Mas faltava-lhe sentimento”, The Edge diz. Então eles voltaram para o original, 2 minutos e 58 segundos disso, em toda a sua suja magnificência.

“Nós estávamos de volta ao rhythm and blues querendo entender a América”, Bono explica. “Nós estávamos lendo as batidas e vários escritores de viagens. Então nós começamos a entrar dentro da música. Viajando através da América, você está ouvindo diferentes estações de rádio, rhythm and blues, country, soul, jazz e você percebe que o ritmo é o sexo da música. Então eu acho que nós temos que lidar com esses assuntos, incluindo o desejo, quando nós estávamos dando esse salto musicalmente”.

The Edge nunca tinha sido fã do R’n’B. Agora ele tinha começado a ver a grande força emocional da música. “No momento, acho que eu tinha começado a perceber que a música tinha-se tornado demasiado científica. Muitas vezes, ouvindo discos modernos, você pode ouvir um produtor e não músicos interagindo. Por isso que nós estávamos tentando voltar para a nossa própria música. O que eu gostei em ‘Desire’ foi o fato de que ela era totalmente fora do que as pessoas estavam ouvindo. Era uma gravação de rock ‘n’ roll, não uma canção pop”.

Para Bono, no entanto, foi também uma reflexão sobre a condição de ser uma estrela do rock. “Eu queria admitir a religiosidade dos shows de rock and roll e o fato de que você é pago por eles. Em certo nível, eu estou começando a criticar esses pregadores lunáticos -“roubando corações num show itinerante” – mas eu também estou descobrindo que há um paralelo real lá entre o que eu estou fazendo e o que eles estão.”

‘Desire’ foi o início de um processo. Cada vez mais, Bono conscientemente começava a admitir as contradições em si mesmo e na posição da banda. Era uma reflexão pelo fato de que o U2 tinha vindo da época em que eles poderiam produzir algo com um prazer tão grande que na superfície, pelo menos, era tão profundamente básico.
E você pode ter certeza que a ironia de que não teriam sido perdidos em uma banda que tinha percorrido um longo caminho para voltar para onde já pertenceu.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:05 am

Hawkmoon 269

A estrada pode ser um bom lugar pra escrever. O estímulo está ao redor – os novos locais, sons, cheiros, experiências que fornecem o metal de base a partir da qual as músicas podem ser forjadas. Além disso, existem lacunas, horas gastas no trânsito ou escondidos em algum quarto de hotel que precisam ser preenchidas. A experiência, por um lado trabalha da melhor forma para usar esse tempo ocioso. Um Pro Walkman para a captura de progressões de acordes, melodias, ritmos. As idéias líricas podem ser anotadas num caderno: um título potencial aqui, uma frase memorável ali, um couplet, um refrão, um verso. Pepitas que podem algum dia abrir a porta para uma canção.

The Edge tinha o Walkman fazendo horas extras durante a tour de The Joshua Tree. ‘Hawkmoon 269’ foi uma das estruturas esboçadas, apenas ele e um violão, sobre um toca-fitas. Foi ali, em sua forma bruta, uma peça em busca de uma letra. “Hawkmoon é um lugar em Rapid City, Dakota”, The Edge me disse na época do lançamento de Rattle and Hum. Nós passamos por lá na tour de Conspiracy of Hope e Bono, sempre um homem com um caderno à mão, pensou ‘Isso soa bem’. Então ele usou isso como um ponto de partida para a música”.

Não foi o único. Bono lembra de uma ressaca esmagadora que aumentou a sensação de deslocamento que freqüentemente infecta músicos na estrada, e o refrão vem em linha reta para fora do buraco negro em particular: “Quando a noite não tem fim/ e o dia ainda não começou/ Como o quarto gira em torno de você/ Eu preciso do seu amor”.
Talvez fosse sintomático, que se tornou um demônio para gravar. Bob Dylan veio para tocar na faixa e contribuiu com uma espécie de efeito hurdy gurdy embriagado que, provavelmente, capta com precisão o estado de espírito que ele estava no dia. A banda acumulou, se movendo convincente da retenção para o abandono, mas a batalha para colocar uma forma final nisso continuou. “Na verdade ela foi mixada 269 vezes”, Joe O’Herlihy ri. “Que é de onde vem o título”.

Bono parece infeliz em discutir isso mesmo agora. “Era minha canção favorita do álbum”, ele diz, “mas nós na verdade, fisicamente desgastamos a fita fazendo aquele número de mixes, e como resultado, algumas das esticadas do ritmo não existem, do jeito que elas deveriam ser. Então tenho uma reação ruim ouvindo agora, com base em como ela deveria ter soado”.
Não que alguém fora de campo notaria. Começando como uma canção de amor, ela se transforma num grito de luxúria, um grande vulcão de fundição de uma peça que culmina no canto gospel mais intenso da carreira do U2: “Meet all your love in the heartland” o backing que a tríade Edna Wright, Carolyn Willis e Billie Barnum repete, constrói o canto mais e mais até que chegue a um ponto morto.

“Eu tenho certeza que havia uma enorme frustração sexual na performance daquela canção”, Bono admite. “Eu não sei quanto tempo estávamos longe, mas neste momento nós éramos homens completamente crescidos de carteirinha de 26, 27 e 28. Nós estávamos gravando em Sunset Sound, com toda a merda que acontece por lá passando. Busca e destruição, helicópteros procurando por apreensões de drogas. Sunset Strip. Prostitutas. Cada neon sinalizando publicidade de sexo de alguma forma. Você pode sentir tudo isso vindo à tona em ‘Hawkmoon’”.

Isso está lá no ritmo. Na estrondosa explosão do tímpano de Larry Bunker e Larry Mullen quebrando pratos. Que está lá nas metáforas torturadas de Bono e seus vocais uivantes. Está lá na guitarra suja de The Edge. Está lá no baixo palpitante de Adam.

‘Hawkmoon 269’ pode sentir-se menos do que perfeita para a banda, mas a perfeição é pouco do que se trata. Robert Palmer pode ter cantado sobre ser viciado em amor, mas essa foi a coisa real. Ainda melhor que a coisa real.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:06 am

All Along the watchtower

É 11 de novembro de 1987. Entre datas de shows, a banda decide fazer um show livre atrás de um caminhão num espaço aberto no centro da cidade de San Francisco, pela Embarcadero. Seus equipamentos próprios já estavam no caminho para Vancouver, para o próximo show da banda, então eles pediram emprestado o sistema de som de – quem mais? – The Grateful Dead. Dada a proximidade do local com o distrito financeiro da cidade – e em honra da quebra da bolsa uma semana antes – Bono apelidou-o de show benefíciente “Salve o Yuppie”.

O número que eles executam é uma bruta, improvisada versão de ‘All along the watchtower’ de Bob Dylan. Em contraste com sua primeira tentativa de um cover do Dylan, quando Bono se juntou ao maestro no palco de Slane para "Blowin 'in the rain ', nessa ocasião ele claramente sabia a letra. Não que ele tenha se prendido a pequenos detalhes.
A guitarra vermelha, pegando fogo em ‘Desire’ reaparece aqui, como Bono improvisa: “All I’ve is a red guitar/ three chords and the truth/ All I’ve got is a red guitar /the rest is up to you”.

A banda parece não saber os acordes tanto quanto Bono sabe a letra, há alguns momentos surpreendentemente ímpares de desarticulação musical. Os primeiros 30 segundos da introdução da guitarra foram perdidos pelo engenheiro de gravação e The Edge teve que fazer um dub posteriormente. “Caso contrário, tudo o mais seria como foi tocada ao vivo”.
Isso acontece, a ocasião se tornou mais memorável para seu comportamento disparatado fora do palco. Ciente do fato de que a prefeita de San Francisco, Diane Feinstein, tinha oferecido $500 como uma recompensa para quem entregasse qualquer dos seus diversos grafiteiros em custódia, Bono sobe até o topo da escultura do chafariz adjacente e grafita nele “Stop the traffic - rock ‘n’ roll”. Um mandado é emitido para a sua detenção, mas o grafite tinha sido removido no dia seguinte e a tentativa de trazer o cantor a justiça finalmente fracassa.


A longo prazo, Bono coloca toda a loucura abaixo para metade da missão, mas não há dúvidas sobre a satisfação que o U2 sente quando Diane Feinstein é substituída e seu sucessor, Art Agnos, abole a recompensa e, em vez disso, cria um fundo para patrocinar o trabalho dos grafiteiros da cidade.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:06 am

I Still Haven’t Found What I’m Looking For

Uma das críticas que tinha sido atribuídas ao U2 durante a ventania que rodeou sua performance no Self-Aid de Dublin era que, nos EUA eles continuavam tocando predominantemente para um público branco. A implicação era que eles não tinham que atravessar a classe e divisão racial nos Estados Unidos, apesar da sua celebração aberta de Martin Luther King em ‘Pride (In the name of Love)’ e ‘MLK’.

Minha própria impressão na época era que Bono tinha se ofendido por aquelas acusações, irritado com a sugestão de que qualquer artista ou banda pudesse de alguma forma ser responsabilizados pelo público que escolheu - ou não – reconhecê-los. Pode, no entanto, ter sido um catalisador crítico, inspirando a banda no começo de uma odisséia na busca das raízes do rock na música negra, e em particular através do Rhythm and blues, gospel e soul. Ele deve ter demonstrado de forma notável o que sentiu, então, quando eles ficaram sabendo do fato de que um grupo de gospel no Harlem, chamado The New Voices of Freedom estava fazendo cover de "I Still haven’t found what i’m looking for". O coral tinha enviado uma fita de sua versão da canção para a Island Records, que passou para o U2. Bono, Adam, Larry, The Edge e Gavin Friday foram checar o coral em sua igreja no Harlem e ficaram impressionados. Como a turnê The Joshua Tree estava em Nova York, uma colaboração parecia ser uma opção atrativa.

A banda sugeriu alguns ensaios, para ver se as diferentes versões da canção poderiam ser integradas. O resultado fornece um dos momentos marcantes do filme Rattle and Hum, um glorioso, exuberante encontro musical em que a espiritualidade comum dos diferentes participantes é comemorada, provisoriamente primeiro e então com um raro e infeccioso abandono. Depois, o coral se juntou a banda para seu show no Madison Square Garden e, embora mais formal, o desempenho não é menos convincente. O vocal de Bono está soberbo, o modo como ele troca com os dois solistas George Pendergrass e Dorothy Tennell, criando a atmosfera de uma igreja Pentecostal, tornando mais transcedental.
A própria versão do The New Voices od Freedom de “I still haven’t found what I’m looking for” foi lançada como single do selo Doc Records de New Jersey. A canção foi gravada mais tarde por The Chimes, que foram hit com ele nos USA e UK. Você poderia dizer que ela está a caminho de se tornar um estandarte.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:07 am

Freedom For My People

No filme, era o tipo de momento que inspirava o ceticismo. O U2 deu um passeio pelo centro do Harlem, para encontrar New Voices of Harlem, seguidos pelas câmeras. Lá, eles cruzam com um artista de rua, Mr. Sterling Magee, com seu companheiro na gaita, Adam Gussow, numa performance de ‘Freedom For My People’. A banda anda em volta e observa, sob o olhar atento artificial da câmera.

É fácil ver o contato que está sendo feito. Um punhado de estrelas do rock n 'roll ainda tem algo a aprender com um performer 'n' de rua cru. No Rattle and Hum, o U2 comprometeu-se em sua odisséia musical com ambos, fãs e pupilos. Mas a presença da câmera fez o valor daquele gesto um pouco mais difícil de mostrar na face, a intenção: inevitavelmente, introduziu elemento de auto-consciência que um público de cinema teria dificuldade para vencer. Na gravação, no entanto, ‘Freedom for my people’ – escrita por Sterling Magee, Bobby Robinson e Macie Mabins – e movimentos para dentro e para fora, encontrou uma parte do ruído da rua que funciona como um prelúdio apropriado para o que se segue.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:07 am

Silver and Gold

Foi no backstage do Slane, entrevistando Bob Dylan para Hot Press que Bono recebeu sua primeira lição da importância da tradição. Dylan, que estava quase familiarizado com as baladas irlandesas, como foi com o trabalho de Woody Guthrie e o blues do país de Leadbelly e Robert Joshnson, mencionou o McPeakes da Irlanda do Norte. Bono olhou para ele inexpressivamente. “Não há raiz musical ou herança para nós”, ele explicou sobre o U2. “Na Irlanda há a tradição, mas nós nunca nos conectamos a ela”. “Bem”, Dylan insistiu, “você tem que chegar de volta a música”. Não há dúvida que Bono foi atingido nesse momento por uma inadequação no centro do U2, e ele resolveu corrigir. Parte da resposta foi começar a mover círculos musicais, e Bono fez. Tirando um intervalo em Nova York em fins de 1989, ele esteve com Peter Wolf do J. Geils Band. Eles visitaram uma sessão presidida por Rolling Stones, coincidentemente, por Steve Lillywhite e se envolveu em uma Jam, com Keith Richards tocando piano. Wolf e Jagger trocando vocais e gaitas. Bono foi forçado a assistir meramente – ele não conhecia nenhum dos standarts do R’n’B que eles estavam familiarizados. Eles ouviam algo de John Lee Hooker – e Bono estava viciado na força bruta da voz, no ritmo e na guitarra pungente.

De certa forma a experiência foi humilhante, mas Bono foi estimulado pra entrar em ação. De volta em seu quarto de hotel, em uma febre, ele escreveu sua própria visão sobre o blues. Ele tinha estado na Etiópia com sua esposa Ali, trabalhando em um campo de lá para ajudar no processo de renovação pós-fome. Ele tinha visto em primeira mão o impacto das políticas econômicas ocidentais no continente Africano e seu senso de indignação é palpável em ‘Silver and Gold’, uma música sobre imperialismo, exploração, ganância e repressão.

Os instintos de Bono como letrista veio à tona novamente. Ele pegou emprestado a linha “I’ am someone” do líder dos direitos civis Jesse Jackson. E ele roubou a paisagem da literatura irlandesa decorrentes de Brendan Behan. “I have seen the coming and going/ The captains and the kings”. Mas escrevendo a canção da perspectiva de um prisioneiro político negro, ele também deu um passo crucial na imaginação, um avanço artístico significativo que poderia ter ajudado muito na escrita de The Joshua Tree.

A versão acústica original foi gravada com Keith Richards e Ronnie Wood para o álbum Sun City. No Rattle and Hum, a banda completa está à bordo e o resultado é inevitavelmente mais pesado, Bono entrou no espírito do desempenho com um rap improvisado anti-apartheid, terminando em um ataque preventivo contra as inevitáveis acusações do discurso político. “Eu estou te chateando?”, ele perguntou sarcasticamente. “Não quero incomodá-lo”.

Curiosamente a linha “Ok Edge, play the blues”, introduzindo o solo de guitarra, que gerou a artilharia. Mas então o solo de The Edge é quintessential, e destaca apenas como o blues, ele tinha sido criado.
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Mensagem por Achtungzoo Seg 30 maio 2011, 8:08 am

Angel of Harlem

As improvisações que foram o pontapé inicial de muitas canções do U2 não estavam acontecendo tão facilmente. The Edge percebeu que eles precisavam de novas maneiras de compor, e sua reação era caracteristicamente sensível. Ele decidiu que aprenderia. Ele tinha chegado com a base para ‘Desire’ e ‘Hawkmoon 269’ na guitarra acústica. Agora adicionava à lista ‘Angel of Harlem’. De uma perspectiva musical, alguma coisa aconteceu.
Porque ele estava no centro das coisas na parte acústica, The Edge encontrou mais dificuldades para identificar um espaço para si mesmo na guitarra elétrica. Ele ia ter que aprender algumas pancadas estilo Steve Cropper, para encaixar-se num tipo de doce balada soul.

Bono vinha pensando sobre Billie Holiday. Uma amiga sua, uma garota chamada Alexis que ele tinha encontrado em San Francisco quando ela tinha 15 ou 16, tinha se mudado para Londres e mantido contato. Ela tinha dado a ele uma biografia da cantora que eles chamavam de Lady Day. Sua fascinação tinha sido um exemplo perfeito, e o U2 viajou ao redor dos EUA, e a busca pelas estações gospel, jazz e R’n’B, foi intensificada. ‘Angel of Harlem’ foi escrita na estrada, mas ela tem o pulso de Nova York em suas veias, com John Coltrane, Charlie Parker e Miles Davis fazendo aparições ao lado da estrela do cenário.

A letra tem um visual forte, sensação cinematográfica, mas com os Memphis Horns, que completaram o quadro. Algo familiar com Southside Johnny e o Asbury Jukes saberiam de onde estavam vindo. “Engraçado, eu posso ouvir Dylan nisso mais do que Stax”, Bono sorri agora, e a referência faz sentido. O que é importante, de qualquer forma, é o absoluto domínio disso tudo. Em sua odisséia musical através do coração da América, a banda tinha decidido pelo swing do Sun Studios em Memphis e fizeram uma sessão lá. Com Memphis Horns, com a assistência de Cowboy Jack Clement na mesa, eles gravaram o que se tornaria um tributo não só para Billie Holiday mas para o grande legado da boa música que a América tinha deixado para o mundo. Comemorativa, ela continua sendo um dos melhores momentos do U2.

“É uma canção de jukebox”, Bono diz. “Nós não temos muitas canções de jukebox, talvez 6 ou 7, mas é uma das que as pessoas tocam em bares”.

E em qualquer outro lugar que eles precisam para obter esse ataque.
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