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Bob Dylan fala sobre Bono
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Bob Dylan fala sobre Bono
Abaixo um trecho do livro CRÔNICAS - volume 1, do Bob Dylan, onde ele fala
de um encontro com o Bono:
"Certa noite, Bono, o vocalista do U2, apareceu para jantar com alguns
outros amigos. Passar o tempo com Bono era como jantar em um trem — parece
que você está em movimento, indo a algum lugar. Bono tem a alma de um antigo
poeta e você tem que ter cuidado perto dele. Ele pode rugir até a terra
tremer.
Também é um filósofo especulativo. Ele trouxe uma caixa de Guinness. Ficamos
falando de coisas que se fala em uma noite de inverno — falamos sobre Jack
Kerouac. Bono conhece o tra balho de Kerouac muito bem. Kerouac, que
celebrou cidades ame ricanas como Truckee, Fargo, Butte e Madora — cidades
sobre as quais a maioria dos americanos jamais ouviu falar. Era engra çado
que Bono soubesse mais sobre Kerouac do que a maioria dos americanos. Bono
diz coisas que podem sacudir todo mundo. Ele é como aquele cara dos filmes
antigos que surra um traidor com as mãos nuas e extrai uma confissão. Se
Bono tivesse vindo para a América no começo do século teria sido um tira.
Ele pa rece saber um bocado sobre a América e tem curiosidade a res peito do
que não sabe.
Falamos sobre a fama, e ambos concordamos que o engra çado dela é que
ninguém acredita que você seja você. O nome de Warhol também foi bastante
comentado. Warhol, o rei do pop. Um crítico de arte do tempo de Warhol disse
que daria um milhão de dólares se você conseguisse achar um grama de
esperança ou amor em qualquer um de seus trabalhos, como se isso fosse
importante. Nomes surgem em uma conversa e se vão. Nomes que trazem uma
certa sensação consigo. Idi Amin, Lenny Bruce, Roman Polanski, Herman
Melville, Mose Allison, o pintor Soutine, o Jimmy Reed do mundo da arte.
Quando Bono ou eu não estamos completamente certos a respeito de alguém,
simplesmente inventamos. Podemos reforçar qualquer argumento estendendo-nos
sobre algo real ou irreal. Nenhum de nós é nostálgico, nostalgia não tem vez
conosco, e tratamos de nos certificar bem disso. Bono falou algo sobre os
ingleses terem vindo para cá e fundado Jamestown, e que os ir landeses
ergueram Nova York — falou sobre a retidão, riqueza, glória, beleza,
maravilha e magnificência da América. Eu disse a ele que, se quisesse ver o
local de nascimento da América, devia ir a Alexandria, Minnesota.
Éramos só eu e Bono sentados na mesa. Todos os outros tinham se dispersado.
Minha esposa passou por ali e disse que estava indo para a cama. "Suba", eu
disse. "Vou num minuto." Contudo, levei um tempo para chegar lá, e a caixa
de Guinness já estava quase acabada. "Onde fica Alexandria?", perguntou
Bono. Contei que era onde os *vikings *haviam chegado e se esta belecido nos
anos de 1300, disse que havia uma estátua de ma deira de um *viking *em
Alexandria e que ele não se parecia em nada com um honrado pai fundador da
América. Ele tem barba, usa um elmo, botas de tiras até os joelhos, mantém
um longo punhal na bainha, segura uma lança comprida ao lado do corpo e
veste um saiote — também ostenta um escudo que diz: "O local do nascimento
da América". Bono me pergunta como chegar lá, e digo para seguir rio acima
através de Winona, Lake City, Frontenac e pegar a Highway 10 direto até
Wadena, dobrar à esquerda na 29 e então daria lá. Não teria qualquer
problema para chegar. Bono perguntou de onde eu era originário, e falei que
era da Iron Trail, de Mesabi Iron Range. "O que quer dizer Mesabi?", ele
perguntou. Disse a ele que era uma palavra ojibwa, significa Terra de
Gigantes.
A noite se desenrolava. No mar aberto, as luzes de um cargueiro moviam-se de
vez em quando. Bono perguntou se eu tinha alguma canção nova, canções
inéditas. Acontece que eu tinha. Fui na outra sala e tirei-as da gaveta,
trouxe-as e mostrei. Ele examinou-as, disse que eu devia gravá-las. Eu disse
que não estava muito certo disso, que achava que talvez devesse jogar fluido
de isqueiro em cima delas — falei que eu tinha passado maus bocados fazendo
discos, fazendo a coisa andar. Ele disse: "Não, não", e sugeriu o nome de
Daniel Lanois... disse que o U2* *havia trabalhado com ele, e Lanois fora um
grande parceiro — que ele seria perfeito para trabalhar comigo, teria muito
para adicionar à receita. Lanois tinha idéias musicais compatíveis com as
minhas. Bono pegou o telefone e discou para o homem, colocou-no no fone
comigo e falamos por um instante. Basicamente, o que Lanois disse foi que
estava trabalhando nos arredores de Nova Orleans e falou que, se eu fosse lá
um dia, deveria procurá-lo. Eu disse que faria isso. Com certeza eu não
estava com pressa para gravar. O que estava em minha mente, antes e acima de
tudo, era fazer *shows. *Se um dia eu fizesse outro disco, teria que ter
algo em comum com esse propósito. Eu tinha uma estrada aberta à frente e não
queria estragar a chance de reconquistar minha liberdade musical. Eu
precisava deixar as coisas se endi reitarem e não se misturarem mais."
Este encontro aconteceu em 88 e a parceria firmada entre Dylan e Lanois
nesta época, deu origem ao álbum Oh Mercy lançado em 89.
Créditos: Rose (lista da UV)
de um encontro com o Bono:
"Certa noite, Bono, o vocalista do U2, apareceu para jantar com alguns
outros amigos. Passar o tempo com Bono era como jantar em um trem — parece
que você está em movimento, indo a algum lugar. Bono tem a alma de um antigo
poeta e você tem que ter cuidado perto dele. Ele pode rugir até a terra
tremer.
Também é um filósofo especulativo. Ele trouxe uma caixa de Guinness. Ficamos
falando de coisas que se fala em uma noite de inverno — falamos sobre Jack
Kerouac. Bono conhece o tra balho de Kerouac muito bem. Kerouac, que
celebrou cidades ame ricanas como Truckee, Fargo, Butte e Madora — cidades
sobre as quais a maioria dos americanos jamais ouviu falar. Era engra çado
que Bono soubesse mais sobre Kerouac do que a maioria dos americanos. Bono
diz coisas que podem sacudir todo mundo. Ele é como aquele cara dos filmes
antigos que surra um traidor com as mãos nuas e extrai uma confissão. Se
Bono tivesse vindo para a América no começo do século teria sido um tira.
Ele pa rece saber um bocado sobre a América e tem curiosidade a res peito do
que não sabe.
Falamos sobre a fama, e ambos concordamos que o engra çado dela é que
ninguém acredita que você seja você. O nome de Warhol também foi bastante
comentado. Warhol, o rei do pop. Um crítico de arte do tempo de Warhol disse
que daria um milhão de dólares se você conseguisse achar um grama de
esperança ou amor em qualquer um de seus trabalhos, como se isso fosse
importante. Nomes surgem em uma conversa e se vão. Nomes que trazem uma
certa sensação consigo. Idi Amin, Lenny Bruce, Roman Polanski, Herman
Melville, Mose Allison, o pintor Soutine, o Jimmy Reed do mundo da arte.
Quando Bono ou eu não estamos completamente certos a respeito de alguém,
simplesmente inventamos. Podemos reforçar qualquer argumento estendendo-nos
sobre algo real ou irreal. Nenhum de nós é nostálgico, nostalgia não tem vez
conosco, e tratamos de nos certificar bem disso. Bono falou algo sobre os
ingleses terem vindo para cá e fundado Jamestown, e que os ir landeses
ergueram Nova York — falou sobre a retidão, riqueza, glória, beleza,
maravilha e magnificência da América. Eu disse a ele que, se quisesse ver o
local de nascimento da América, devia ir a Alexandria, Minnesota.
Éramos só eu e Bono sentados na mesa. Todos os outros tinham se dispersado.
Minha esposa passou por ali e disse que estava indo para a cama. "Suba", eu
disse. "Vou num minuto." Contudo, levei um tempo para chegar lá, e a caixa
de Guinness já estava quase acabada. "Onde fica Alexandria?", perguntou
Bono. Contei que era onde os *vikings *haviam chegado e se esta belecido nos
anos de 1300, disse que havia uma estátua de ma deira de um *viking *em
Alexandria e que ele não se parecia em nada com um honrado pai fundador da
América. Ele tem barba, usa um elmo, botas de tiras até os joelhos, mantém
um longo punhal na bainha, segura uma lança comprida ao lado do corpo e
veste um saiote — também ostenta um escudo que diz: "O local do nascimento
da América". Bono me pergunta como chegar lá, e digo para seguir rio acima
através de Winona, Lake City, Frontenac e pegar a Highway 10 direto até
Wadena, dobrar à esquerda na 29 e então daria lá. Não teria qualquer
problema para chegar. Bono perguntou de onde eu era originário, e falei que
era da Iron Trail, de Mesabi Iron Range. "O que quer dizer Mesabi?", ele
perguntou. Disse a ele que era uma palavra ojibwa, significa Terra de
Gigantes.
A noite se desenrolava. No mar aberto, as luzes de um cargueiro moviam-se de
vez em quando. Bono perguntou se eu tinha alguma canção nova, canções
inéditas. Acontece que eu tinha. Fui na outra sala e tirei-as da gaveta,
trouxe-as e mostrei. Ele examinou-as, disse que eu devia gravá-las. Eu disse
que não estava muito certo disso, que achava que talvez devesse jogar fluido
de isqueiro em cima delas — falei que eu tinha passado maus bocados fazendo
discos, fazendo a coisa andar. Ele disse: "Não, não", e sugeriu o nome de
Daniel Lanois... disse que o U2* *havia trabalhado com ele, e Lanois fora um
grande parceiro — que ele seria perfeito para trabalhar comigo, teria muito
para adicionar à receita. Lanois tinha idéias musicais compatíveis com as
minhas. Bono pegou o telefone e discou para o homem, colocou-no no fone
comigo e falamos por um instante. Basicamente, o que Lanois disse foi que
estava trabalhando nos arredores de Nova Orleans e falou que, se eu fosse lá
um dia, deveria procurá-lo. Eu disse que faria isso. Com certeza eu não
estava com pressa para gravar. O que estava em minha mente, antes e acima de
tudo, era fazer *shows. *Se um dia eu fizesse outro disco, teria que ter
algo em comum com esse propósito. Eu tinha uma estrada aberta à frente e não
queria estragar a chance de reconquistar minha liberdade musical. Eu
precisava deixar as coisas se endi reitarem e não se misturarem mais."
Este encontro aconteceu em 88 e a parceria firmada entre Dylan e Lanois
nesta época, deu origem ao álbum Oh Mercy lançado em 89.
Créditos: Rose (lista da UV)
Achtungzoo- Master - MOFADO!
- Número de Mensagens : 3429
Localização : Heartland
: : : I'm ready to say I'm glad to be alive
Data de inscrição : 25/08/2008
Andréia Hewson!!!- MOFADO!
- Número de Mensagens : 11330
Idade : 34
Localização : In God's Country-Sorocaba-SP***
: : : \"I don't want to talk about wars between nations\"
Data de inscrição : 04/10/2008
Re: Bob Dylan fala sobre Bono
Meus dois melhores escritores, juntos, [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
que emoção, ELES SÃO AMIGOS [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
there's a house, in new orleans... they call the beautiful day [Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]
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Alessandru2, o Grande- MOF
- Número de Mensagens : 265
Idade : 33
Localização : City of blinding lights/sergipe
: : : Sou da incerteza de tudo junto da
certeza de nada.
mas to com o U2.
Data de inscrição : 22/06/2009
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